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Uma introdução às fraldas de pano modernas (Parte 1)

Dizer que sou fã das fraldas laváveis é pouco: por motivos estéticos e ecológicos, tenho uma verdadeira paixão por elas (veja a minha declaração de amor aqui). Mas reconheço que, para as não iniciadas, o universo das fraldas de pano parece impenetrável e assustador. Como funcionam? Por que tantos tipos? Como será o ritual de lavagem das fraldas? (E o cocô, meu Deus?!)

Este post, então, é uma tentativa de indicar o caminho das pedras para quem tem curiosidade e interesse em explorar o universo das fraldas de pano (daqui pra frente usarei a sigla FP, ok?). Só uma advertência: Cuidado, pode ser um caminho sem volta!

A Parte 1 será um resumo dos diferentes tipos de FP no mercado, cada uma com suas vantagens e desvantagens.

À moda antiga: fralda tradicional + fixa-fralda ou alfinete + capa impermeável ou calça plástica
Trata-se de um quadrado de algodão fino (a fralda), dobrado até ficar no tamanho e formato certos, fixado com um aflinete ou fixa-fralda (veja a foto), e depois coberto por uma capa ou calça plástica impermeável.
Vantagens: econômico, fácil de lavar, seca rápido
Desvantagens: requer prática para dobrar, demora (2 etapas), capas precisam ser compradas por tamanho, método visto como antigo, sem charme
Marcas nacionais: Cremer (fralda) /Lolly (fixa-fralda) / Chumbinho (calça plástica)
Marcas importadas: OsoCozy e Diaper Rite (flat diaper – ver também prefold) / Snappi / Thirsties, Bummis, Gen-Y  (cover)


Versátil e à prova de vazamentos: fralda ajustada + capa impermeável
A fralda, que pode ser de algodão, bambu, cânhamo ou uma combinação de materiais, é costurada em formato de fralda com botões ou velcro para fechar. Por não ser impermeável, é necessário colocar uma capa por cima. Pode-se usar absorventes extras para aumentar o poder de absorção.
Vantagens: absorvente, fácil de vestir, lindas estampas, simples de lavar, pode ser usada sem capa (em casa)
Desvantagens: colocada em 2 etapas, volumosa, geralmente comprada por tamanho
Marcas nacionais: Mamãe Natureza, Ninho da Coruja (fraldas)/ Chiquita Bacana, Fralda Madrinha, Mamãe Natureza, Ninho da Coruja (capas)
Marcas importadas: Kissaluvs, Bamboozle, Blueberry, Kiwi Pie, Sustainablebabyish, Imse Vimse (fitted diapers)

Fresquinha e compacta: Capa de algodão com suporte + recheio
A capa, nesse caso, parece uma calcinha de algodão, em que se afixa um suporte de plástico. Dentro desse suporte, coloca-se um recheio, que pode ser uma fralda tradicional dobrada ou um bolsinho de tecido que mantém a sensação de “sempre seco” recheado com panos de algodão ou microfibra. Fecha com velcro.
Vantagens: pouco volumosa, simples de colocar, fresquinha, possibilidade de trocar só o recheio e reutilizar a capa e o suporte, estampas bonitas
Desvantagens: comprada por tamanho, pode vazar se for mal ajustada, menos absorvente que outros estilos
Marcas nacionais: Efral, Mamãe Natureza, Morada da Floresta
Marca importada: gDiapers

Prática e absorvente: Fralda com bolso (ou Pocket)
Como a ajustada, a fralda com bolso tem o formato inteligente e é ajustada com botões ou velcro. O diferencial é o material impermeável (geralmente a camada externa) e o bolso na parte interna para colocar absorventes ou recheios. Fora a etapa de rechear a fralda, ela é tão simples de colocar quanto uma fralda descartável.
Vantagens: super absorvente, fácil de colocar, camada sempre seca na parte interna, tamanho único
Desvantagens: “usou, lavou”, precisa tirar o recheio antes de jogar na máquina, volumosa, mais cara
Marcas nacionais: Chiquita Bacana, Dipano, Fio da Terra, Fralda Bonita, Fralda Madrinha, Morada da Floresta
Marcas importadas: BumGenius, Fuzzibunz, Charlie Banana, Blueberry, Rumparooz, Popolini

Mais simples impossível: Fralda tudo-em-um (ou AIO)
Como diz o nome, essa fralda, como uma descartável, é uma peça única: ou seja, ela tem tudo para deixar o bebê seco e confortável sem requerer muito esforço da sua parte. Sujou? É só tirar e jogar no balde para lavar depois.
Vantagens: qualquer um consegue pôr (até os mais resistentes às fraldas de pano, como os cuidadores do berçário, geralmente não se opõem), costumam ser tamanho único e possuir camada sempre seca
Desvantagens: “usou, lavou”, demora muito para secar, mais cara
Marcas nacionais: Fralda Bonita, Morada da Floresta
Marcas importadas: GroVia, BumGenius, Imse Vimse, TotsBots Easyfit

Na Parte 2 escreverei sobre as principais dúvidas relacionadas à lavagem das fraldinhas e o dia a dia de quem optou pelas fraldas de pano. Até breve!

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Babywearing: o que é e por que vale a pena

A tradução literal do termo em inglês babywearing é “vestir o bebê”, mas não tem nada a ver com o ato de colocar roupas no pequerrucho; pelo contrário, é a mãe que coloca o bebê em si própria. Babywearing é o termo adotado lá fora para se referir ao uso de carregadores de tecido para levar o bebê sempre junto ao corpo, dispensando (ou minimizando) a necessidade de carrinhos, bebês confortos, cadeirinhas de balanço etc. É difícil traduzir o conceito, mas eu estou usando o termo “carregar no pano”.

O tradicional “mei tei” permite carregar o bebê na frente e nas costas.

Os carregadores de tecido vêm em muitos formatos – sendo o sling de argola e o wrap sling os mais conhecidos  – e seu uso, ao contrário do que advertem as velhinhas palpiteiras na fila do supermercado ou alguns pediatras desinformados, é super benéfico.

Este post pretende pontuar alguns desses benefícios e ilustrar o argumento com imagens de mulheres (e um homem muy especial) que adotam essa prática milenar, porém super atual. Com tantos estilos, modelos e formatos, é quase garantido encontrar um que combine com você.

Benefícios para o bebê

* Desenvolvimento postural: o recém-nascido tem a espinha dorsal naturalmente curvada e deitar com as costas retas não é fisiológico nem faz bem para ele. O bebê prefere ficar em posição de sapinho, como na imagem ao lado, pois é o natural para ele. Sem contar que bebês que ficam o tempo todo deitados numa superfície plana ficam com a cabecinha achatada, uma condição chamada plagiocefalia.

* Desenvolvimento emocional: o contato constante com a mãe melhora o vínculo, proporcionando mais relaxamento, menos estresse e crises de choro e mais autoconfiança. O contato pele a pele também diminui a percepção de dor.

* Reduz a cólica: seja pelo movimento constante, que lembra as condições uterinas, ou porque a posição mais vertical diminui a possibilidade de refluxo, bebês que são carregados sofrem menos de cólicas. Aliás, em culturas onde 100% dos bebês são carregados, não se ouve falar em cólica (um conceito exclusivamente ocidental).

Até os Jedis praticam o bem carregar ;-) [Luke Skywalker carregendo o ancião Yoda em O império contra ataca]

* Propicia um estímulo na medida e uma experiência mais ampla do mundo, visto que o bebê acompanha o adulto e não fica restrito ao berço, ao bebê conforto ou ao tapete de atividades. Ao lado da mãe, ele enxerga, escuta e sente o cheiro de uma grande variedade de coisas.

* Efeito canguru: se compreendemos que o bebê humano nasce “prematuro” mesmo estando a termo (veja o post sobre exterogestação), então o sling é o acessório mais útil para os primeiros meses. Vários estudos foram feitos mundo afora comprovando os benefícios fisiológicos do método canguru.

* Estimula o aleitamento: tão próximo da mãe (e ainda por cima do lado dos seios!), o neném mama com mais frequência, resultando em maior ganho de peso e mais saúde.

Benefícios para a mãe

A foto de Dolores García Rodriguez Dogaro dispensa palavras.

* Conveniência: sair de casa para comprar pão fresquinho, tomar um café com as amigas ou fazer uma caminhada não poderia ser mais simples do que colocar o neném no sling, pegar a bolsa e se mandar! Isso também vale para as tarefas e atividades domésticas.

* As horas passadas juntinhos permite a formação de um vínculo muito forte, o que dá à mãe muita autoconfiança, diminuindo o medo e a ansiedade, e reduzindo o estresse materno (levando, inclusive, a índices mais baixos de depressão pós-parto).

* A proximidade do bebê aumenta a ocitocina e facilita a descida do leite, contribuindo para a amamentação exclusiva. Sem contar que o pano do carregador serve como “proteção” contra olhares reprovadores de gente pudica e/ou machista que se incomoda com a amamentação em público. Ninguém nem vai perceber que você está amamentando!

* Carregar o bebê no sling ou carregador de pano distribui o peso de forma mais equilibrada, causando menos dor nos braços ou na coluna (depois de um tempo eles pesam e os braços não aguentam!).

Se esses argumentos e as fotos deslumbrantes não te converteram ainda, eis alguns motivos menos “científicos” – mas não menos convincentes – para experimentar o babywearing:

* Carregar o bebê também é uma forma de incentivar o vínculo do bebê com o pai. Já que o pai não amamenta e não desfruta de licença paternidade, carregar o recém-nascido é uma forma de fortalecer o vínculo com o filho. Se ele achar que isso não é coisa de homem, talvez essa foto o faça mudar de ideia:

Eu não prometi um homem especial?

* Carregar no pano – seja no sling de argolas, no wrap ou com carregadores ergonômicos tipo mochila (como o ErgoBaby)  – virou febre entre as celebridades – e não estou falando das “alternativas”. Você duvida? Pois olhe só:

celebrities babywearing

Channing Tatum de wrap elástico, Gisele Bundchen de mochila ergonômica e Marion Cotillard com um belo wrap de tecido rígido.

* O sling não é só para “artistas” ou “gente de vanguarda”: o exemplo que mais me inspirou foi esse da representante parlamentar italiana Licia Ronzulli. Saca só:

Poderosa como profissional e como mãe. Uau!

Espero ter mostrado aqui que babywearing não é coisa de “bicho grilo” e que adotá-lo poderá ser muito gostoso, prático e super “fashion”. Temos no Brasil uma variedade enorme de opções e a qualidade não deixa nada a desejar com os produtos estrangeiros. Você terá suas mãos livres e o seu bebê desfrutará e se beneficiará dos momentos de aconchego e também da experiência de estar aprendendo sobre o mundo do seu lado. O que pode ser melhor do que isso?

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Como escolher um carrinho?

Como disse em outro post, tenho verdadeira obsessão por carrinhos de bebê. Cheguei até a parar estranhos na rua para saber se estavam gostando do modelo escolhido (uma marca que nunca tinha visto por essas bandas). Não sei se essa paixão está relacionada a minha temporada na Dinamarca (onde o carrinho é crucial!), mas acho que de todas as decisões referentes ao enxoval do bebê – com a possível exceção dos móveis e decoração do quarto – a escolha do carrinho é a mais importante. Afinal, o carrinho será uma peça chave na sua vida a partir da chegada do bebê (a não ser que você pretenda usar o sling exclusivamente, o que eu acho o máximo, mas que não é o desejo da maioria).

O Quinny Zapp Xtra é compacto, versátil e descolado, mas a suspensão e cesta diminuta podem não agradar a todos.

Não existe carrinho perfeito – muito menos “o melhor” carrinho do mundo – pois cada família tem suas necessidades, preferências e especificidades. Infelizmente, no Brasil, as opções são restritas e a relação custo-benefício baixíssima. Recomendo para quem tem o luxo de poder comprar um carrinho no exterior que o faça, pois os carrinhos lá fora são melhores, mais baratos e as opções quase infinitas. Qualquer que seja sua condição financeira e oportunidades de viagem, vale a pena pensar muito bem sobre qual carrinho comprar, porque além de ser um dos principais “acessórios” na primeira fase da maternidade, ele ficará com você por no mínimo 2 anos (podendo inclusive ser aproveitado por outros filhos no futuro).

Ao invés de recomendar as marcas X, Y ou Z (mas no final incluirei alguns nomes para vocês pesquisarem), vou colocar aqui uma série de perguntas para ajudar você a decidir qual perfil de carrinho seria o mais adequado para você. Sugiro que você leve em conta quatro fatores fundamentais e um último que não é essencial, mas que pode ser levado em consideração. São eles: função, conforto, medidas, orçamento e visual.

Função: o carrinho é para quem e para quê?

Essa resposta pode parecer óbvia: “Pra transportar meu bebê, oras!” Mas não é tão simples. Porque um carrinho para transportar um bebê recém-nascido é diferente de um carrinho  melhor para levar um bebê de 18 meses, ou de gêmeos, por exemplo. Também é preciso levar em consideração questões importantes relacionadas ao estilo de vida da família – como os programas que fazem nos finais de semana, a condição das ruas das redondezas, a duração dos passeios etc. Procure responder as perguntas abaixo:

O UppaBaby Vista foi projetado originalmente para um bebê só (single stroller), mas, com os acessórios, cabem até 3 crianças!

1. Para quem é o carrinho – para um recém-nascido, um bebê maior, gêmeos, dois bebês próximos em idade (ex. um recém-nascido e um bebê de 1 ano) etc.? Um recém-nascido precisa de um carrinho que tenha um assento reclinável em no mínimo 145 graus (quase deitado reto) e deverá ter a opção de encaixar o bebê conforto (cadeirinha do carro). Também considero bem importante a opção de ter o bebê virado para quem empurra (assento reversível). Um bebê mais velho também poderá tirar eventuais sonecas no carrinho, mas o assento reclinável passa a ser opcional e muitos pais de crianças mais velhas optam por um carrinho mais leve (mais fácil de transportar) já que o filho não passará tanto tempo dentro dele. O de gêmeos precisa caber dois, obviamente. E, para quem têm dois filhos em idades differentes, existem opções de carrinho que podem ser transformados em verdadeiros veículos de transportar pimpolhos (até três de uma vez!). Existem até carrinhos próprios para pais atletas – os famosos “jogging strollers” com três rodas enormes!

2. Ele será usado mais em pisos lisos (como shoppings, calçadas bem asfaltadas, interiores) ou mais na rua esburacada e falha da cidade? Para pisos lisos, a suspensão não precisa ser nenhuma Brastemp, mas para usar nas ruas esburacadas e desniveladas (como as do Rio, por exemplo), uma suspensão boa é um “must”.

3. Quanto tempo, mais ou menos, o bebê ficará fora de casa com o carrinho? Quanto mais tempo, mais importante é investir num carrinho confortável, com assentos acolchoados e, igualmente importante, com uma cesta decente que caiba tudo que ele precisará nos passeios mais longos (fraldas, brinquedos, troca de roupa, comida, água etc).

4. Onde o carrinho será usado, primordialmente? Se você pretende usar o carrinho muito em shoppings e lugares com corredores estreitos, vale e pena prestar atenção na largura. Alguns podem ser verdadeiros trambolhos, que dificultam muito a vida de quem transita em lugares estreitos. Se ele vai viver entrando e saindo do carro, também convém levar em consideração o peso e a facilidade em fechar e abrir.

Conforto: esse carrinho é confortável para meu filho? E para mim?

Um carrinho pode ser confortável para o bebê, mas desconfortável para quem empurra; um exemplo seria um carrinho com suspensão decente e assento acolchoado, mas que é duro de manobrar e precisa ser empurrado com duas mãos (como o Peg Perego Pliko P3 – o mais comum na Zona Sul do Rio, por razões que me espantam, pois acho um carrinho que deixa muito a desejar em termos de manuseio e visual). Por outro lado, pode ser o contrário: tranquilo de empurrar e leve, proporcionando conforto para você, mas sem nenhuma suspensão ou acolchoamento no assento, resultando num passeio incômodo para o pequeno passageiro (como no caso de muitos carrinhos “guarda-chuva” por aí). Outra coisa importante para se levar em consideração é a proteção contra o sol: é grande o suficiente para proteger do sol, tem a opção de descer mais, é arejado? Eu também incluiria no quesito “conforto” a possível frustração diária que você pode ter se optar por um carrinho de má qualidade, cujo mecanismo trava, que seja duro de abrir e fechar e que não caiba direito nos seus espaços. O que me leva ao terceiro ponto…

Medidas: esse carrinho cabe na minha vida?

Qual o tamanho da sua casa? Do porta malas do carro? Do elevador? Dos corredores dos lugares que frequenta? Das calçadas do seu bairro? Não deixe de pensar nessas questões antes de comprar um carrinho gigante, com a melhor suspensão do mundo e lugar para por seu iPod, e depois perceber que o bicho não entra no seu elevador.  Mas lembre-se: carrinhos menores costumam ser menos confortáveis (em termos de suspensão e posições para o bebê). Às vezes, um carrinho que parece grande fecha num tamanho razoável. Quando estiver pesquisando as opções, procure anotar as medidas (“dimensions”) tanto do carrinho aberto quanto fechado.

Orçamento: quanto estou disposta a gastar?

Uma das razões pela qual vale a pena viajar para o exterior na gravidez é que, além de fazer uma viagem gostosa com o maridão (a última sozinhos em um bom tempo!), você poderá comprar itens do enxoval com um custo-benefício muito melhor. Um carrinho de luxo lá fora custa mil dólares – ou R$1.800, o preço de um Peg Perego aqui. E você pode comprar um carrinho maravilhoso, perfeito para você, do seu gosto e ideal para o seu estilo de vida, por muito menos que isso. Como em tudo na vida, as opções mais caras costumam ser também as de melhor qualidade, com suspensão e manuseio superior, além de virem com itens de luxo, como capa de chuva, mosquiteiro, e um visual bem mais interessante, além de terem acessórios como adaptador para a cadeirinha do carro, porta-bebida, guarda-sol, entre outros. No entanto, é importante levar em consideração que nem sempre o mais caro é o melhor: muitas vezes, você estará pagando pela marca e pelo visual.

Visual: que tipo de carrinho quero desfilar pelas ruas da minha cidade?

A já chiquérrima Bugaboo se uniu à marca Missoni para uma edição especial de seu modelo compacto, o Bee.

Como qualquer acessório, o carrinho também acaba refletindo o nosso gosto pessoal e não deixa de ser uma espécie de “statement” sobre nossos valores. Você pode até achar fútil, mas não tem como negar: roupa, sapato, bolsa, joias, corte de cabelo etc. são signos de quem somos, a nossa tribo, nossos valores. Claro que é perigoso estereotipar. Só porque uma mulher anda com salto agulha e bolsa da Louis Vuitton, não significa que ela tenha o QI de uma lesma – ela pode ser uma pesquisadora reconhecida mundialmente! Da mesma forma, uma mulher que veste havaianas e shorts rasgado e sai de casa de cara lavada pode ser uma empresária famosa, dona de uma fortuna considerável. Mas, exceções à parte, nossos acessórios costumam comunicar algo para os outros. O carrrinho também não deixa de ter essa função. Há carrinhos modernos e chiques, descolados e differentes, com design escandinavo ou europeu, com aparência esportista ou mais tradicionais. Eu só acho importante embrar que o visual, necessariamente, vem em último lugar: antes de tudo, o carrinho é um acessório funcional. Portanto, não faça questão de comprar o carrinho das estrelas (para sua informação, é o Bugaboo Chameleon ou o Stokke Xplory) só para perceber que ele te dá a maior dor de cabeça no dia a dia!

Agora que compliquei um pouco a sua vida, lançando essas milhares de perguntas, vou descomplicar. Abaixo está uma lista de itens para você fazer uma tabela comparativa dos carrinhos que te interessam e que pode facilitar a sua decisão. Mais abaixo, dou dicas de recursos para ajudar na sua pesquisa e de marcas que eu acho legais, se você tiver o privilégio de poder comprar um carrinho no exterior.

Medidas (aberto e fechado)/ Peso / Preço / Assento reclina? / Assento reversível? / Nível de conforto/ Suspensão (repare nas rodas) /Bom de manobrar? /  Tipo de cobertura contra o sol/ Tamanho da cesta / Acessórios (adaptador para cadeirinha, capa de chuva, porta-bebida) /Visual

Dicas:

  • Entre em sites de grande tráfego, como a Amazon, para ler as resenhas dos carrinhos ou ver sua pontuação.
  • Assista a vídeos do carrinho em ação no YouTube ou em sites especializados, como a BabyGizmo.
  • Procure nas ruas da sua cidade os modelos que te agradam e, se tiver coragem, puxe papo com a dona e pergunta sobre os pontos fortes e fracos do modelo escolhido.

Marcas legais que talvez você não conheça: Baby Jogger, Bugaboo, Bumbleride, Phil & Teds, Quinny, UppaBaby & Valco.

Qualquer dúvida, entre em contato comigo. Como disse, ADORO falar sobre carrinhos de bebê e terei o maior prazer em te orientar, caso você ache necessário!

[Você poderá gostar também do post Como escolher uma cadeirinha para o carro/ bebê conforto?]

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Fraldas de pano modernas: amor à segunda vista

A primeira vez que soube de um bebê usando fralda de pano admito que achei um retrocesso. Pensei, na época, “por que cargas d’água uma mulher que trabalha e tem mil coisas a fazer optaria por um troço nada prático como a fralda de pano?” Eu morava nos EUA e estava na faculdade. A mãe da bebê era professora de letras, tinha doutorado, era inteligente e super ocupada (ah, e certamente não tinha empregada nem babá!). Mas eu a taxei de louca e eco-chata (dá um desconto – eu tinha 19 anos).

Anos mais tarde, quando comecei a pensar nas minhas próprias escolhas, descobri o universo das “cloth diapers” através de um anúncio online. E me apaixonei. Eram tantas opções bacanas, tantas estampas lindas, e aquilo me pareceu tão mais ecológico e tão simples de usar! Foi um caminho sem volta. Agora, tenho um total de três fraldinhas no meu enxoval e uma lista enorme* de marcas nacionais e importadas que pretendo comprar quando  estiver, de fato, esperando um pequenino serzinho cagão (foi mal, mas a fralda é pra isso, né?).

Queria poder dizer que essa escolha partiu de uma convicção ecológica, mas tenho que confessar que o primeiro impulso foi, como em muitos casos de paixão, estético. Eu achei as fraldas as coisas mais fofas e lindas do mundo. Tem fraldas de uma cor só, outras estampadas, umas felpudinhas, outras mais enxutas, orgânicas, de jeans, de lã… Cada uma mais fofa que a outra! Imaginei minha pequena/meu pequeno usando só aquela fraldinha linda no calor do verão carioca. Que amor!

Busquei me informar e fiquei sabendo das estatísticas sobre a quantidade de fraldas descartáveis que um bebê usa ao longo da vida (aprox. 6.000) e de quanto tempo a fralda leva para se decompor (mais de 400 anos). Li também que as fraldas descartáveis são o terceiro item mais encontrado em lixões e representam 30% de todo o lixo não-biodegradável. Ui. É um argumento e tanto.

Outro argumento a favor das fraldas de pano é a economia. Eu sou consumista, mas tenho um lado pão duro. E gastar dinheiro em fralda descartável, algo que vai direto pro lixo, não me anima. Veja a  matemática, considerando um custo mensal de 120 reais e o uso por dois anos:

Fraldas descartáveis: R$120 / mês x 24 meses = R$2.880,00

A conta para fraldas de pano não é tão simples, porque é um universo com milhares de opções, incluíndo fraldas pocket (com recheio), todo-em-um ou dois-em-um (capa com recheio), nacional ou importada, de algodão ou microfibra ou algodão orgânico, tamanho único ou P-M-G. Vou fazer as contas com as opções mais baratas e com as mais caras, usando como parâmetro 20 fraldas, o suficiente para quem pretende lavar dia sim, dia não.

Fraldas de pano tamanho único: R$40/ fralda x 20 fraldas = R$800,00

Fraldas de pano tamanho P-M-G: R$30/ fralda x (20 tamanho P + 20 tamanho M + 20 tamanho G) = R$1.800,00

Os céticos de plantão devem estar pensando “Ah, mas você não está incluindo o custo da lavagem das fraldas!” É verdade, não estou. Mas também não estou incluindo os custos com pomada (cujo uso não é recomendado nem costuma ser necessário para quem usa fraldas de pano), de gasolina para sair para comprar as fraldas todo mês, dos lenços umedecidos descartáveis (que também podem ser substituídos pelos laváveis) etc. E também não posso deixar de mencionar um outro fator econômico contundente: as fraldas de pano podem ser revendidas ou reaproveitadas para um próximo bebê.

O conforto para a pele do bebê foi o terceiro ponto que me fez vestir a camisa das fraldas de pano. Você já ficou assada usando absorvente “sempre seca”? Eu sempre fico e detesto. O bebê então, que fica 24 horas de fralda, 7 dias na semana… coitado do bumbum dele! É por isso que as pomadas são necessárias. A fralda de pano ajuda a evitar esse problema. Sem contar que são muito mais macias. E a maioria hoje em dia tem uma camada de microfibra que deixa o xixi passar e permanece seca, imitando o efeito “sempre seco” das descartáveis sem tantos produtos químicos que ressecam e podem fazer mal à pele sensível do bebê.

Apesar de todos esses fortes argumentos que apelam para nosso senso moral de responsabilidade com o meio ambiente, a preocupação com a economia e com o conforto e saúde do bebê, para mim, a decisão de ser uma mãe cujo bebê usa fraldas de pano, como disse anteriormente, foi muito mais fútil. Me apaixonei perdidamente – pelos modelos lindos, pelo universo das fraldas ecológicas e pela ideia de estar fazendo uma pequena contribuição para o meio ambiente. Quero abrir o armário e me deparar com as fraldinhas lindas – coloridas, estampadas, diferentes – que escolhi e lavei (uh… que a máquina lavou) como todo o carinho do mundo e ir dormir sabendo que os lixões estão com algumas fraldas sujas a menos por minha causa.

Será que estou viajando na maionese do idealismo? E vocês, exergam as fraldas de pano modernas como uma opção viável?

*A lista enorme inclui as seguintes marcas: bumGenius, Rumparooz, Fuzzibunz, GroVia, Muttaquin, Little Beetle (importadas) & Fralda Madrinha, Bebês ecológicos, What Mommy Needs e Efral (nacionais).

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Enxoval: o que realmente importa

Confesso que adoro olhar roupinhas de neném, passo horas na internet pesquisando fraldas de pano (as modernas, assunto para outro post) e carrinhos de bebê (nisso sou expert mesmo!) e não resisto uma folheada em revistas de decoração de quartinho quando passo numa banca. Como sou uma bebemaníaca assumida (e como viajo bastante pro exterior – a trabalho e por lazer), sempre tem alguém me pedindo ajuda para montar o enxoval, trazer algo de fora ou prestar uma consultoria sobre marcas importadas de carrinho ou cadeirinha ou sling. Adoro!

Mas se você acha que esse texto vai ser sobre as maravilhas de ter o enxoval perfeito – tudo importado, tudo novinho em folha – para recepcionar o seu herdeiro, bom, sinto muito desapontá-la. Não é nada disso. Quem espera um manifest0 anticonsumo e “de volta às raízes” também errou. Acontece que eu sou super a favor de se deliciar comprando enxoval – seja em Miami, Nova York, Paris, Copenhague (eu quero!) ou aqui no Brasil mesmo. Nessa nossa sociedade tribal, em que nossas identidades dependem não da cor que pintamos nossos rostos ou das argolas nas nossas orelhas, mas dos objetos que escolhemos como acessórios para nossa vida, comprar é natural. Sim, isso mesmo. Comprar faz parte do ritual, do preparo para assumir uma nova identidade.

O que me incomoda é o consumo inconsciente e o inconsequente.

O que seria o consumo inconsciente? É aquele mal pensado, por modismo ou impulso, que não leva em consideração as necessidades do bebê e o perfil da mãe. Um exemplo: mamadeiras e/ou chuquinhas para quem está determinada a amamentar. Olha, não sou xiita nem intolerante, e entendo quem precisa (ou opta) pelo aleitamento artificial. De novo, not my boobs, not my business (não são meus peitos, não tem nada a ver comigo). Mas alguém que se diz  super empenhada em amamentar exclusivamente com leite materno e aí investe num kit completo de mamadeiras importadas (com bico tamanho RN) antes mesmo de parir… isso eu não entendo. É como sonhar e se programar para uma viagem à Disney mas comprar bilhetes e passagem aérea para o Beto Carreiro World. Com tudo lá na gaveta, você vai acabar embarcando! Se o impulso de meter a mão no bolso for grande – acredita, eu entendo, tenho o lado consumista aflorado! – então procure um sutiã de amamentação bacana (bonito, chique), invista num delicioso chá da mamãe, naquela pomada importada, ou numa almofada de amamentação. Guarde o dinheiro para contratar uma enfermeira ou psicóloga para te ajudar a superar as dificuldades, se for preciso. E deixe para comprar as mamadeiras só se/ quando for realmente necessário. Isso é só um exemplo. Prometo desenvolver mais o tema “enxoval” em posts futuros.

Mas muito pior que o inconsciente é o inconsequente. Esse é o consumo desenfreado e elétrico, compulsivo, como se precisasse comprar o mundo para estar pronta ou preparada para criar um filho. É o consumo que, de fato, consome, devorando todo o resto. É o consumo das mulheres que acham que estão ganhando uma bonequinha ou bonequinho, uma princesinha ou um herdeiro, e querem que este esteja pronto para servir como seu último acessório e status symbol. Exemplos? Não faltam! O carrinho, tem que ser da marca X. Sem levar em consideração a largura da porta da sua casa, o tamanho do elevador, a falta de praticidade de ter um trambolho se você vai viver colocando e tirando-o da mala do carro. As roupas, só de grife: Burberry ou Baby Dior, please! Ou, no mínimo, engomadinhas, plisadas e cheias de babados para exibir o tesouro. Sem contar na chupeta de prata com cristais. E os objetos de entretenimento do bebê? Todos, claro! Cadeira que vibra, outra que balança, andador, tapete de atividades, carros de plástico, brinquedos que fazem barulho e piscam (um não basta, precisam ter 5 ou 10). O que é isso, minha gente? O seu filho é um ser humano, não um brinquedo. E, a não ser que você seja muito privilegiada e tenha uma casa gigantesca que você quer transformar em creche, não é preciso (nem muito menos saudável) recriar uma loja de brinquedos para o pimpolho. Além de roupas, ele precisa de afeto. Além de acessórios, ele precisa de cuidados. Será que essa mulher que está tão ocupada comprando, comprando, comprando teve tempo de parar para pensar nisso?

É legal ir pra Miami e comprar aquelas tralhas todas (metade das quais, você sabe, serão usadas 2 ou 3 vezes)? Claro que é! Só que muito, mas muito, mais legal que isso é saber que você preparou a sua cabeça (leu, se informou, refletiu) e que tem à sua disposição uma rede de apoio (marido, mãe, sogra, irmã, amigas, assistentes, vizinhos) para te dar a confiança e a tranquilidade para receber na sua vida um novo ser humano. É isso que realmente importa.

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