Arquivo do mês: agosto 2014

Do que as gestantes e as novas mães realmente precisam?

 

baby panda

toddler pandaQuem é leitora do blog sabe que tenho opiniões e convicções, sendo que a mais forte de todas é a liberdade: acho que toda mulher deveria se sentir segura para tomar as próprias decisões, sempre que possível baseadas em uma clara noção das consequências e motivações das mesmas. Isso vale para o parto, a amamentação, as rotinas de cuidados e afeto, o equilíbrio entre todos os aspectos da vida.

Infelizmente, vejo que as necessidades e perfis individuais das famílias não costumam ser levados em conta nos cursos de preparação para a maternidade. Em geral, ensina-se uma maneira de fazer as coisas, as mães são infantilizadas, os pais praticamente ignorados e nem sempre o que é ensinado é baseado em evidências, o que acaba gerando consequências inesperadas. Para complicar ainda mais a situação, falta uma continuidade de contato e uma rede de apoio para as novas famílias após o nascimento. Na Inglaterra, por exemplo, os grupos de apoio permanecem unidos após o parto, representando uma fonte de suporte e bem estar para as novas mães e também para os pais.

Com alguns parceiros escolhidos a dedo, o meu plano é inaugurar um modelo novo de curso preparatório para gestantes e suas famílias, onde não exista “mãezinha” nem “expert”, e sim boas informações, planejamento inteligente e sob medida, apoio e escolhas conscientes.

Mas, para que seja realmente proveitoso, gostaria de pedir a sua ajuda e entender as suas necessidades reais. Portanto, se puder dispor de dez a vinte minutinhos do seu tempo, ficarei muito grata.

  • Se você estiver grávida, clique AQUI e responda ao questionário sobre a preparação para a chegada do bebê.
  • Se você já tem filhos, por favor responda o questionário acima (se quiser e se a memória dessa fase estiver fresca na cabeça) e, especialmente, o questionário sobre a vida após a chegada do bebê, clicando AQUI.
  • Se puder encaminhar os links a amigas gestantes e recém-mães ou compartilhar esse post, melhor ainda!

Prometo atualizá-los com as novidades assim que possível. Enquanto isso, fiquem com o meu sincero “obrigada” e com esse slideshow de fofices ;)

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Para quem escolheu amamentar: liberdade. Para quem torna isso difícil: tratamento. (GUEST POST)

Depois da polêmica fala do psicanalista Francisco Daudt no programa Encontros com Fátima Bernardes, percebi que longe de ter vencido esse preconceito, o Brasil parece caminhar para trás quando se trata da amamentação em público: o que antes era natural e inevitável, parece estar se tornando tabu, com o seio feminino ganhando, cada vez mais, uma conotação puramente sexual. Parece que até para coisas ruins estamos emulando os EUA… tsc tsc tsc.

Aproveitando a Semana Mundial do Aleitamento Materno 2014, resolvi então compartilhar com vocês o texto de outra psicanalista, essa sim empenhada em defender uma visão menos machista e mais pró-mãe do que o nosso amigo Francisco Daudt. Para ilustrar, algumas imagens contundentes. Aproveitem!

Mesmo quando praticado com discrição, olhares de reprovação ainda perturbam vacas que ousam dar a teta em público.

Mesmo quando praticado com discrição, olhares de reprovação ainda perturbam vacas que ousam dar a teta em público.

Para quem escolheu amamentar: liberdade. Para quem torna isso difícil: tratamento.

por Luzinete R. C. Carvalho, psicanalista

Vejo muitas pessoas, inclusive mães, falando que para evitar os olhares tortos ou comentários maldosos, bastaria que a mãe que amamenta se “preservasse” um pouco, que um simples paninho poderia resolver o problema.

A realidade é que quem assim pensa ou é a pessoa que não amamenta exclusivo, ou a que se privou de sair de casa, ou a que não amamenta na rua depois de uma certa idade do bebê, ou a que não sabe de fato o que é amamentar prolongadamente.

Quem assim pensa é, muitas vezes, quem nunca amamentou e nem nunca vai amamentar…

Para quem conseguiu amamentar só em casa, para quem conseguiu amamentar também em locais públicos com um paninho cobrindo a cabeça do bebê: ÓTIMO, que bom que deu certo.

Mas deixa eu explicar que uma mãe que escolheu amamentar exclusivamente, e em livre demanda para o sucesso da amamentação, também tem o direito e a NECESSIDADE de sair de casa.

Que a mãe que escolheu renunciar da mamadeira não pode se transformar em uma prisioneira dentro de casa, até que o bebê não precise mais mamar na rua.

E só quem amamentou um pouco mais de tempo sabe que é muito diferente amamentar um bebê de poucos meses e um bebê maior, curioso, que quer olhar ao redor, que quer olhar para a própria mãe, cheio de vida e que não quer um pano cobrindo sua cabeça.

E a escolha por amamentar um bebê “maior” não pode ser abandonada para aplacar a fúria e a hipocrisia da sociedade.

Uma sociedade que deturpa as coisas mais belas e puras, transforma tudo em objeto sexual, sem perceber depois o quanto isso fala negativamente sobre si mesma.

Sem perceber o quanto isso entrega sua ignorância e extrema limitação.

Quem escolheu a amamentação continuada, o está fazendo seguindo recomendações da OMS, da SBP, do MS, que indica a amamentação para até 2 anos OU MAIS, qualquer caixinha de leite no mercado trás esta preciosa informação.

Não ajuda nem um pouco dizer para uma mãe, que tanto se esforça e se dedica, que ela precisa “se cuidar”, que ela precisa “se preservar”, que ela “precisa se dar ao respeito”.

Uma mãe que escolheu amamentar seu filho, o fez pelos melhores e mais altruístas motivos, escolheu baseada em recomendações dos órgãos sérios já citados, escolheu pelo vínculo, pela alegria que é nutrir seu filho com seu próprio leite.

Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento e bom senso, se realmente quiser ajudar uma mãe que escolheu amamentar, JAMAIS dirá que ela é responsável pelo preconceito e assédio que pode sofrer.

Qualquer pessoa informada e com bom senso, se realmente quiser ajudar, tentará se livrar de seus próprios problemas em relação ao peito de uma mãe que amamenta, tentará se livrar de seus próprios preconceitos e ignorância.

Quem realmente quiser ajudar uma mãe que amamenta, apoiará que ela o faça em qualquer lugar e a qualquer hora, sem ser acuada ou agredida.

Se você se incomoda ao ver uma criança mamando, este é um problema só seu.

Você pode ter a dignidade de se retirar até que consiga superar seus problemas, até conseguir lidar de forma saudável com um peito alimentando uma criança.

Reflita.

Se necessário, procure ajuda, faça um tratamento, algum tipo de terapia.

Acredite: sua visão vai mudar e você descobrirá o quanto estava equivocado e o quanto pode ser feliz!

Ou você pode confessar o quão doente você é, de acordo com o tamanho da sua agressividade em relação a este assunto.

Mães: amamentem, eu lamento que sofram qualquer tipo de assédio ou preconceito, mas não se sintam só, não neguem a seus bebês o direito de serem alimentados com respeito e dignidade, insistam, persistam.

E não neguem a vocês mesmas o direito de sair de casa. Vocês precisam viver esta experiência com alegria e liberdade.

Peçam que os estabelecimentos lhes entreguem por escrito, em papel timbrado, quando a convidarem a se retirar com seu bebê.

Convidem as pessoas a fazerem sua refeição no banheiro ou em cubículos apertados e quentes, quando sugerirem que procure um lugar “adequado” para amamentarem seus bebês.

Diga para as pessoas cobrirem a própria vergonha quando sugerirem que cubram o peito escondendo a amamentação.

Informe com carinho e respeito na medida que forem tratadas com carinho e respeito.

Peçam ajuda a quem compreende.

Denunciem.

Tenham dentro de si a certeza de que não estão fazendo nada de errado.

Apenas saibam que o mundo inteiro é lugar para amamentar, já que o mundo inteiro é lugar para se amar.

Sim, a verdade é que amamentar é alimentar e amar um bebê.

Lembre-se que somente pelos filhos temos coragem de enfrentar qualquer coisa nesta vida, inclusive o preconceito.

Vamos mudar este mundo sim, com mais informação e com mais Amor.

 

Luzinete R. C. Carvalho é psicanalista, esposa do Renato e mãe do Francisco, que há quase cinco anos abre seu olhar, diariamente, para o encanto do mundo, da vida e dos seres humanos. Além de seu trabalho como mãe de Francisco, Luzinete contribui para a construção de famílias conscientes, integradas e felizes.

"Você comeria aqui?" é a pergunta provocadora da campanha "When nurture calls", criada pelos estudantes texanos Kris Haro e Johnathan Wenske.

“Você comeria aqui?” é a pergunta provocadora da campanha “When nurture calls”, criada pelos estudantes texanos Kris Haro e Johnathan Wenske.

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