Nesse Dia das Mães, vamos dizer NÃO às mommy wars!

Desde quinta-feira todos estão falando da impactante capa da TIME que traz uma jovem e bela mãe com seu filho de 3-4 anos em pé num banquinho, mamando, e a provocação, em letras gigantes, “Are you mom enough?” (você é mãe o suficiente?). Nas mensagens de Facebook, no Terra, na BBC Brasil, no USA Today e em vários blogs nacionais e internacionais, não falta gente defendendo ou repudiando a matéria e/ou a realidade que ela tentou ilustrar.

Trata-se do Attachment Parenting, cuja tradução seria “criação com apego”, um estilo de maternar que preconiza um vínculo mais próximo entre pais e filhos, muito colo e carinho, e pode vir acompanhado de escolhas como a cama compartilhada, a amamentação prolongada, o uso de slings e uma opção por ficar em casa com os filhos, prolongando a licença maternidade, mudando de área ou abandonando de vez a carreira. A revista – apesar de algumas alfinetadas básicas nessa filosofia supostamente “sacrificante” para as mulheres (hm… depilação também é sacrificante, mas ninguém acha que devemos parar de fazer, né?) – conseguiu fazer um retrato equilibrado sobre as origens dessa filosofia, seu ideólogo,  seus praticantes e a atual situação (de guerra) em que se encontram as mães americanas.  No entanto, não tem como negar que, ao escolher estampar na capa a imagem de um inegável tabu para os americanos (a amamentação prolongada) e, em letras vermelhas, a inflamatória acusação disfarçada de pergunta de que algumas mães, aos olhos das praticantes do Attachment Parenting, seriam “menos mães”, a revista conscientemente jogou lenha na fogueira das Mommy Wars (guerra entre mães). Cutucaram a ferida de todas as mães – será que estou fazendo o certo? será que estou sendo uma boa mãe? – e devem estar amando toda a atenção recebida.

Criticar as escolhas das mães vende revista. Sugerir que um estilo de criar filhos é melhor ou pior, moderno ou antiquado, razoável ou louco, dá ibope. Colocar uma mulher contra outra satisfaz aquele velho estereótipo de que as mulheres  não são parceiras, que só competem entre si, que são moralmente fracas e egoístas.

Bom, eu, Clarissa, me recuso a ocupar este lugar. Não vou julgar as mães. Hoje não. Não vou julgar a mulher que tomou injeção para secar seu leite, não vou julgar as mães que não saem de casa sem a babá ou a folguista, não vou julgar os pais que oferecem coca-cola, chocolate e batata frita pro bebê e não vou julgar quem se ofendou com a foto da TIME.

Mas eu vou sim julgar e criticar uma sociedade em que mais vale a mulher que terceiriza a maternidade para ter tempo de ficar “gostosa” ou ganhar dinheiro do que aquela que escolhe viver integralmente a sua identidade como mãe. Vou me revoltar sim contra uma sociedade que permite e aplaude quando uma mulher coloca seu status sexual em primeiro lugar (sacrificando-se por horas na academia ou no salão de beleza para ficar sarada e bem cuidada) ou prioriza sua identidade profissional (passando horas no trabalho, no blackberry, viajando para reuniões e colecionando aumentos), mas que critica e xinga a mulher que “larga tudo” para ser mãe. É pra isso que estou aqui, escrevendo, provocando, ouvindo.

No entanto, hoje, peço que vocês juntem-se a mim nesta causa: recusem-se a julgar as outras mães! Vamos ouvir, apoiar, entender, respeitar. Eu sei que é difícil, mas é necessário. Portanto, se você, como eu, costuma julgar as escolhas das outras, tente, pelo menos neste dia, fazer diferente.

Aproveite para refletir, faça uma autoanálise: quem é que você costuma julgar? Mães magras, mães gordas? Mães moças, mães velhas? Mães que terceirizam, mães que ficam em casa? Mães que dão mamadeira, mães que amamentam até os 4 anos? Mães gostosas, mães largadas? Mães tecnológicas, mães terra? Mães solteiras? Mães lésbicas? Mães consumistas, mães comunistas?

Pare para pensar e, mesmo que seja só hoje, pense diferente sobre elas. Afinal, ao menos duas coisas elas têm em comum com você: são mulheres e são mães.

Publicidade

17 Comentários

Arquivado em Uncategorized

17 Respostas para “Nesse Dia das Mães, vamos dizer NÃO às mommy wars!

  1. elaine

    adorei essa reportagem….perfeita para o dia!

  2. O que deve ser questionado é: quem estaremos criando, pois quando se opta por ser mãe oque esta em jogo não é se você tem carreira, vai pra academia ou vai amamentar até a criança ter 10 anos, oque está em jogo é que tipo de pessoa você está formando. Paremos de desviar o assunto, por favor.

    • Verdade, Chata! (adorei seu apelido *risos*)

      Sei lá, no final das contas o que importa é como vai sair aquele ser…que é formado não só pela mãe, diga-se de passagem.

      MAS ao mesmo tempo, justamente!, dizer que “o que está em jogo é que tipo de pessoa você está formando” é TAMBÉM dizer que o que está em jogo é SIM se você tem carreira ou não, se vai pra academia ou não, ou se vai amamentar até a criança ter 10 anos ou durante 2 dias, porque essas escolhas influenciam, e muito, na formação dessa pessoa.

  3. Oi Cla, é verdade que essa mommy wars dá ibope. Mas, eu acho importante a gente debater essas teorias e recomendações que vem, muitas vezes, como um “pacote de felicidade”, como uma receita pronta para a “boa maternidade”. Você sabe que adoro suas opiniões, normalmente, e admiro muito sua capacidade de ouvir todos os lados e ponderar. Mas, também percebo que, mesmo tentando não julgar, você acaba jogando umas farpinhas nas mães que pensam diferente de você! Não acho que o debate de ideias seja um problema, o problema é que muitas vezes deixamos de debater ideias para falar de pessoas… A gente usa exemplos de gente famosa, fala das escolhas dos outros, para reafirmar as nossas. Fazemos isso não por que somos mulheres, mas por que somos humanos, seres sociais, que se constroem pelas diferenças e afinidades, seres egoístas muitas vezes, e outras altruístas. Então, é difícil mesmo não julgar. Mas, o attachment pode ser uma boa teoria para debatermos, sem precisar apontar o dedo para quem faz diferente. Além disso, acho que pessoas se aproveitam da teoria para formar nichos de mercado. Se você “pratica o attachment” tem que usar sling, tem que amamentar prolongadamente, tem que fazer cama compartilhada… Outro dia, li um texto bem questionável ovacionando a maneira das mães orientais criarem seus bebês, e afirmando que eles choram menos por que são criados com mais apego. Mas, se pararmos para avaliar a cultura chinesa ou japonesa, por exemplo, vemos muitas práticas educacionais extremamente rigorosas – talvez para compensarem o apego inicial? E aí, claro, esquece-se de dizer que essas práticas foram mais viáveis em culturas e países onde as mulheres tinham muito menos oportunidades, em que elas foram confinadas ao lar, etc e tal. É complicado… Claro que sou favorável ao apego, mas não vou ficar usando “medidas”, comparações, para afirmar que as mães tais e tais são melhores, por que nas entrelinhas é isso que se diz… E só pra terminar, eu questiono muitíssimo o sacrifício da depilação – assim como a maioria das feministas, e até mesmo decidi não fazer mais esse sacrifício, a não ser quando os pelos de fato me incomodarem! rsrs Beijo grande e vamos continuar debatendo esse assunto, por que é muito interessante!

  4. Reblogged this on Solitary Angele comentado:
    Interessante o debate…

  5. Natasha Delfino

    Menos de quatro meses nesse mundo da maternidade e algumas visitas a grupos virtuais e blogs foram suficientes pra perceber o quanto mulheres e mães se cobram e, num desespero defensivo, atacam umas às outras. Uma coisa de louco, mesmo!
    Não julgar é muito difícil. O simples fato de optar por uma ou outra conduta já exige certo julgamento: nossas escolhas demonstram aquilo que consideramos correto, melhor ou mais conveniente. E em se tratando de filhos, a polêmica é garantida.
    O que não pode é apontar o dedo, bradar aos quatro ventos ou, sutilmente, daquele jeitinho que só mulher entende, mostrar o quanto seu filho ou você é melhor por que fez a opção contrária. Nada enche mais o saco do que alguém querer te mostrar que sabe cuidar do seu filho melhor que você.
    Tenho algumas convicções, minhas seguranças e inseguranças e, às vezes, me dou a liberdade de mudar de ideia. E dou graças a Deus por existirem espaços como esse, em que, com pouca ou muita polêmica, podemos ouvir mães que fazem como nós ou não, que nos mostram que existem várias maneiras de se fazer a mesma coisa.

  6. Oi, entrei no seu blog hoje pela primeira vez. Adorei este texto e vou te dizer que nem sabia que tinha injeção para secar leite. Não quero ficar julgando aqui também, mas, confesso, fiquei chocada com a possibilidade. Enfim, gostei do blog. Parabéns!

  7. Priscilla Bezerra

    Sinceramente? Sem comentários. Já adotei o termo “terceirização da maternidade”, percebo agora que o procurava há tempos.

  8. AH não vou julga as mães que “oferencem coca-cola aos bebes”acha que porque as mães que usam a criação normal dão porcarias para os bebes comerem. isso e julgamento sim e que saber eu acho uma besteirol esse troço de criação com apego nunca ouviu sua mãe sua vo ou etc falando que os filhos nunca dão valor ao nosso sacrificio, eu ficar horas com uma crinaça pendurada no peito ou slig dormi com criança na cama e acorda mijada e não poder ter minha intimidade com meu marido, quer saber passo horas na academia sim eu quero ser bonita tb filho tem que obedecer a mãe a minha filha nunca deu um piti no supermercado ela tem juizo de fazer isso e pelo que eu soube os frutos da crianção com apego são os reis da birra pronto falei se incomodou se incomode mesmo eu uso todas as parafernalhas pra bebe ao meu favor chupeta mamadeira andador dvd e etc essa coisa DE CRIACAO COM APEGOe coisa de india e se elas tivessem tudo que nos temos nao craria os filhos desse jeito. temos que progredir e nao regredir

    • Monique, agradeço o comentário, mas da próxima vez sugiro um pouquinho de cordialidade. Você não precisa ser grosseira para ser ouvida. Para responder à sua acusação, nesse post eu não estou falando especificamente da criação com apego, e sim da atitude de julgar as escolhas alheias. Sou a primeira a admitir que eu tenho uma tendência a julgar as outras. Pelo visto, você também sofre desse mal. Agora voltando à criação com apego que você parece repudiar tanto, que tal você se informar mais sobre o tema antes de sair esbravejando? Porque acho que você entendeu tudo errado: a criação com apego não é sobre sacrifícios (pelo menos não na medida que ter filhos exige um certo sacrifício de todo mundo, porque é preciso levar em consideração as necessidades do filho). Também acho que você está confundido criação com apego com permissividade. São duas coisas bem diferentes, mas acho que muita gente faz confusão. Prometo abordar isso aqui no blog um dia. -Clarissa

  9. Patrícia

    Eu procuro sempre respeitar os posicionamentos das pessoas… nunca ataco alguém q pense diferente d mim. Só também não admito o contrário.
    Sou hiper, mega, ultra, suuuper a favor da criação com apego!
    Acredito sim, q qto mais dedicação e comprometimento vc tiver com seu filho, mais retorno terá. Mais apego d ambas as partes, inevitavelmente.
    Como eu disse em outro post, é uma fase passageira, e q não volta mais.
    Contudo, costumo não julgar quem pensa diferente. Mas não julgar não quer dizer q eu aprove, ou q evite meus “maus pensamentos” a respeito…
    Não me meto. Pq não me atinge em nada a maneira delas viverem. Porém seria hipocrisia minha negar q penso o pior a respeito disso realmente…rs

  10. Alexandre Mattos

    Sou homem e gostaria de opinar… apesar de tudo isso que foi discutido, percebo que a sociedade (aliás, o mercado, o stablishment) é quem quer ditar as regras impostas a ponto de virar um tabu. E muitos nos EUA caem feito peixes fisgados nessa jogatina de mercad. Na minha opinião, o mercado, o stablishment, toma essa postura contra uma amamentação e cuidados mais afetivos com os filhos porque, como mulheres trabalham fora cada vez mais, isso resultaria em aumentar o afastamento profissional das mamães do trabalho nas empresas e instituições. E o stablisment vê isso como perda financeira e menos lucro!!! A Dinamarca, país exemplar em qualidade de vida, a mãe ao ter filho, recebe 3000 euros/mês do Governo Federal da Dinamarca para que a mãe afaste-se do emprego e cuide bem do filho durante os 3 primeiros mês. Tabu?! Não, qualidade de vida!!!

  11. Faltou só um no último parágrafo: Mães que optam por ter um único filho X Mães de famílias numerosas.

  12. Elisa

    Eu tento não julgar, mas acho quase impossível, pois sao os filhos desse povo maluco, que tratam o filho como um objeto de consumo, que conviverão com minha filha.Sinceramente, ser um ser minimamente pensante, neta sociedade de estúpidos, como essa Monique ,é uma luta diária.
    Parabéns por seu blog!

  13. Giulia

    mais amor , muito amor por favor… é disso que o mundo e os nossos pequenos precisam… muito amor , muito apego , até pq se eu não vou amar o meu filho quem vai fazer isso por mim ? a pepa pig, a galinha pintadinha , a chupeta a fórmula da nestlé ou a minha bunda dura?

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s