Cinco razões para amamentar (e não são as que você imagina)

amamentar vale a pena

Ok, você já sabe que o aleitamento materno é melhor para o bebê por causa dos anticorpos, dos nutrientes , do vínculo especial que proporciona. E você provavelmente também já leu que amamentar é benéfico para a mulher, protegendo-a do câncer de mama,da osteoporose e do mal de Alzheimer. Certo? Este post não falará desses benefícios imensos e irrefutáveis à saúde (materna e infantil) e sim de algumas outras vantagens que, por serem menores e menos significativas (talvez até fúteis), podem passar despercebidas. Mas na hora das dificuldades – da frustração, do bico rachado, da sogra que não vê problema em dar mamadeira “de vez em quando”, da mastite, do bebê que “não ganha peso (conforme a curva de crescimento)” – talvez essas razões façam toda a diferença.

1. Praticidade

Um dia ouvi a mãe de uma amiga dizer “dar mamadeira é tão prático”. Precisei de toda a minha força de vontade para não dar uma resposta atravessada. Foi mal, mas o que pode ser mais prático do que levantar/baixar a blusa? Eu sou preguiçosa. Odeio lavar louça, arrumar a casa, fazer compras de mercado. Sorte que tenho um marido super organizado e maníaco por limpeza (infelizmente, não consegui escapar das compras de mercado). Multiplica por mil a bagunça e as tarefas quando tiver uma bebezinha em casa – só de pensar me dá preguiça! Amamentar é a opção perfeita para os preguiçosos. Não tem que montar a mamadeira, esquentar a água, medir, misturar, e depois lavar, esfregar, esterilizar e guardar a parafernália toda- de 8 a 12 vezes ao dia! Não tem tralha para ocupar espaço no armário, não tem que se preocupar com o cachorro querendo usar a mamadeira como brinquedo… O primeiro mês ou dois de adaptação pode até dar bastante trabalho, mas imagina quanto tempo e energia você economiza no longo prazo não tendo que lavar, esterilizar, guardar, comprar leite em pó etc.?

2. Dinheiro

E por falar em economia… Já é batido afirmar que ter um filho hoje em dia custa caro. Tudo bem, não tem como negar. Mas alguns gastos são opcionais. O aleitamento artificial é um negócio muito lucrativo para fabricantes de leite e mamadeiras. Cada lata de leite (e serão necessários umas 6-10 por mês) custa entre 16-25 reais – mais ainda se o seu filho tiver alergia à caseína (a proteína do leite de vaca) e precisar tomar um leite especial ou de soja. Mamadeiras boas também não são baratas. E aí acrescenta o esterilizador, a escovinha para lavar mamadeiras e bicos, o medidor, a bolsa especial (talvez até térmica) para sair com esses acessórios todos… Eu estimo que alimentar com leite artificial, somente nos primeiros 6 meses de vida do bebê, represente um custo total de R$1.500,00 (no barato). E olha que não estou nem contando as possíveis visitas adicionais ao pediatra (porque bebês amamentados com leite artificial adoecem mais) e o custo de pegar o carro para comprar mais leite. Tô fora! Prefiro gastar minha grana com algo que tenha mais valor.

3. Paladar

Eu adoro comer. Venho de uma família de gourmets e quero que meus filhos também sejam assim, bons de garfo e com um paladar afiado (para não dizer refinado). Você sabia que, através do seu leite, sua bebê sente o gostinho das comidas que você comeu? Como no útero ela sentia cheiros e gostos pelo líquido amniótico, faz sentido imaginar que a evolução natural disso seria ela experimentar e ser exposto a novos sabores pelo leite materno. Pense numa bebê que recebe, nos primeiro seis meses de vida, um único leite, preparado sempre de forma igual, sempre com o mesmo gosto. Coitada! Que monótono que deve ser. Eu não faço isso nem com o meu cachorro! Mesmo comendo ração diariamente, sempre oferecemos uma frutinha, acrescentamos cenouras picadas ou um caldinho que sobrou de carne para que ele tenha esse prazer. Seria loucura não oferecer esse mesmo prazer para minha filha.

mamar é tudo de bom

4. Bem estar

Há muito tempo comprovou-se que a depressão pós-parto tem um efeito negativo na amamentação: ou seja, mães deprimidas encontram mais dificuldades dando o peito e, frequentemente, acabam mudando para o leite artificial. Agora, uma hipótese interessantíssima foi levantada por pesquisadores da universidade de Albany, nos EUA, que a relação pode ser uma via de mão dupla: não amamentar pode desencadear sintomas de depressão. A explicação seria de origem evolutiva, já que, historicamente, nossas ancestrais só não amamentava em caso de tragédia e o não-amamentar seria interpretado como uma espécie de luto. Se a tese tem fundamento científico não sei. Foi um estudo pequeno. Mas eu não tenho dúvida de que amamentar e bem estar andam juntos (e não só por que rimam). Seja por motivos biológicos e evolutivos ou psicológicos e modernos, poder oferecer o próprio leite para seu filho deve trazer uma satisfação ímpar.

5. Superpoderes

O que me leva à última e, para mim, a principal razão pela qual eu, Clarissa, pretendo fazer de tudo para amamentar pelo maior tempo possível. Porque é um superpoder! Quem mais pode dizer que tem uma fábrica de leite dentro do próprio corpo? Tá, todos os mamíferos, mas os bichos não falam: só quem pode gritar isso aos quatro ventos são as mulheres que, por um curto período de suas vidas, amamentam. Isso é foda! É incrível! É do cacete! Você pode achar que estou exagerando, mas eu não consigo deixar de ver a magia e o milagre de termos esse poder. Eu acho que manter o foco nessa coisa linda, a perfeição da natureza e o dom de poder dar vida a um outro ser simplesmente por existir, vai me dar todas as forças necessárias para superar as dificuldades que podem vir a ocorrer.

E você, quais são as suas razões para amamentar (ou não) o seu bebê?

18 Comentários

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18 Respostas para “Cinco razões para amamentar (e não são as que você imagina)

  1. ADOREI Cla!!!
    Nada melhor do que responder aos mitos pró-mamadeira com as verdades da amamentação. Além de tudo, acho que nunca conheci que tenha dito “me arrependi de amamentar”, mas ouvimos muito “me arrependi de não ter insistido na amamentação”. Beijos

  2. Muito bom seu post, essa visão do outro lado da amamentação que muitas mães acabam não considerando… É uma visão racional acima de tudo, maravilha! Mas você afirma que o leite do bebê modifica o gosto assim e que os bebês assim como útero, desenvolvem preferências por determinados alimentos. Até foi feita recentemente uma pesquisa sobre isso. Mas de onde você tirou essa afirmação? Fiquei bem curiosa em ler este estudo!rs Um beijo e sucesso com seu blog! Simone de Carvalho Administradora da Comunidade “Aleitamento Materno Solidário no Facebook”

  3. Ai, esse IPAD vai com a mensagem toda truncada! Me perdoe os erros de digitação por favor!rs

  4. Olá, Clarissa! Sou diretora da Revista Cegonha que foi lançada recentemente para Maringá-Pr e região e estamos preparando uma matéria sobre a amamentação. Posso incluir trechos do seu post nesta matéria? Daremos os devidos créditos, é claro!
    http://www.revistacegonha.com.br
    http://www.facebook.com/revistacegonha
    http://www.twitter.com/revistacegonha

    Muito obrigada!
    Karen Okamoto

    • Olá, Karen. Será uma honra ser mencionada numa matéria da Revista Cegonha. Entrei no site de vocês e vi que está bem bacana. Se puder incluir o endereço do blog na matéria, seria ótimo. Boa sorte com a revista! Abraço, Clarissa

      • Olá, Clarissa! Depois de tanto tempo vim dar a notícia de que o texto será publicado na 3ª edição que será lançada no nosso site hoje! Fiz algumas adaptações para reduzir o texto, mas tem todos os créditos (inclusive das adaptações). Espero que não tenha problemas. Também estou acompanhando o blog e compartilhando em nossa página no facebook! Sucesso!
        Abraços
        Karen

      • Que legal, Karen. Estou louca para ver como ficou e desejo muito sucesso para a revista! Bjo, Clarissa

  5. Clarissa,
    Adorei o seu post. Acho que a idéia vendida sobre a mamadeira ser algo prático é o pilar dessa construção pró indústria do leite. Afinal, o que aconteciam com os bebês antes do leite artificial ser inventado? É muito interessante que nós possamos mostrar os reais benefícios da amamentação, principalmente no enfoque econômico: não tem custo e previne gastos no sistema de saúde.
    Um abraço!
    Caroline Geocze – http://www.gestantesemcrise.com

  6. Fabiola

    Certa vez me disseram a respeito do meu bebê estar agitado e muito chorao: – Você deveria tentar substituir o seu leite por leites industrializados ja que o stress e a ansiedade passam atraves do leite para o bebê”. Tive alguns segundos de profundo incômodo e uma vontade enorme de retrucar de maneira desagradavel e explosiva. Mas de algum lugar bem la dentro de mim, me saiu uma frase simples e de voz doce: “Pode ser mesmo que isso aconteça, estou muito cansada, ansiosa e preocupada, mas acredito que junto de tudo isso, meu leite transporte também alguma dose de carinho, muito amor, gosto de mae, e logico, anticorpos e nutrientes.” Esqueci de dizer que tinha uma certeza avassaladora de estar fazendo o melhor para o meu filho. Lendo seu texto, eu, como muitas maes, se “releram” e se identificaram. Existe, além de todas as pesquisas e informaçoes um aspecto silencioso na definiçao do que é “melhor” para o bebê, o instinto. Aquela sensaçao de tateamento que fazemos desde o primeiro instante. Uma especie de “guia” silencioso que conduz nossos gestos e decisoes atraves da comunicaçao intrinseca entre mae e filho. Acredito que a auto-estima vitaminada de confiança em nos mesmas, e uma comunicaçao (de toque, olhar, observaçao, rotinas…) constante com o bebê sao um enorme motor de decisoes acertadas. Parabens pela iniciativa, seu texto é leve, agradavel e pertinente.

  7. Estou adorando ler o seu blog. Fico feliz em saber que mais pessoas dividem da mesma opinião! Escrevo um blog sobre maternidade. Umbilical.me qualquer dia dê uma olhadinha lá!
    Felicidades e sucesso!!

  8. Patrícia

    Amiga Cla, vc foi perfeita em suas colocações!
    Concordo plenamente, principalmente nas partes da praticidade, dinheiro e super-poderes…rs
    Só esqueceu d citar, q além d tuuudo isso q vc mencionou, amamentar ainda nos ajuda a emagrecer!
    Afinal a amamentação consome em torno d 500Kcal diárias!
    Já são +ou- 8km ou 1h d corrida (em baixa velocidade) q vc se poupa d fazer…rs
    Eu adoooro essa parte!

  9. Flora Rodrigues

    Subscrevo :).Muito bom !

  10. Carol

    As pessoas falam demais… Sempre vai ter uma pessoa que vai aconselhar a “complementar” a alimentação do bebê. E não precisa ter muito conhecimento para saber que é totalmente desnecessário. Mas também respeito a mãe que decide não amamentar. A vida é dela, o filho é dela, e ninguém tem nada a ver com isso. Sofri MUITO, pois insisti vários dias na amamentação e minha filhinha não conseguia mamar. Não sei por que razão. E foi uma judiação, pois tive bastante leite. Até que ela começou a perder peso e tive que tomar uma decisão. Resultado: durante 4 meses dei mamadeira, mas somente do meu leite. E só parei porque tive mastite. Não me arrependi, ela mereceu cada sacrifício (sim, foi sacrifício, pois eu não armazenava o leite resfriado, sempre dava a ela “fresquinho”, ou seja, tirava na hora). Imaginem o que passei. Talvez hoje tivesse feito diferente, teria congelado o leite, teria dado leite industrializado para não me acabar tanto. Mas acho que toda mãe faz o melhor para o filho. O melhor que eu pude fazer foi isso. Se a mãe não quer amamentar, talvez seja até melhor. Vai saber o que ela não passaria de estresse e negatividade para a criança? “Cada um sabe a dor e a delícia de ser feliz”.

    • Carol, conheço mães maravilhosas que não amamentaram, e não estou aqui para dizer que elas não fizeram o melhor que puderam. Infelizmente, a forma como nossa sociedade está organizada não favorece a amamentação. A rede de apoio é falha, as informações precárias e os profissionais mal preparados para lidar com as dificuldades que as mães e os bebês enfrentam. Por outro lado, as empresas que fabricam leites artificias e mamadeiras estão cada vez mais espertas, e conseguiram vender a imagem de que seus produtos não são nocivos. A grande tragédia, a meu ver, é que um ato fisiológico e antes universal como amamentar se tornou algo visto como um sacrifício, um fardo, uma conquista – se tornou algo difícil, a exceção. Ninguém é culpado disso, mas, ao mesmo tempo, todos somos coniventes. Para mim, isso é triste demais. Mas, enfim, como você bem disse, cada um com suas dores e delícias. Abraço, Clarissa

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