Arquivo do mês: janeiro 2012

Maternidade: a última fronteira da globalização?

Algumas observações sobre a criação de filhos em diferentes culturas

Não foi por acaso que escolhi estudar antropologia cultural na faculdade. Antes de completar 18 anos, estudei em 3 continentes e, quatro anos mais tarde, havia morado em 5 países diferentes (onde morar = habitar por um período maior que 90 dias). Pode-se dizer que passei a vida toda observando, comparando e pensando sobre as diferenças – e as semelhanças – entre práticas culturais de vários países. Em três desses países também tive bastante contato com crianças: no Brasil, obviamente, em várias fases da vida; nos EUA, na minha adolescência, como babysitter nas horas vagas; e, aos 22 anos, na Dinamarca, onde passei 6 meses ganhando a vida como au pair, cuidando de um bebê de 1 ano.

É claro que na Dinamarca, nos Estados Unidos e no Brasil há diferentes tipos de pai e mãe, tomando decisões diversas e se identificando com várias “tribos”. Mas pode-se dizer que determinados comportamentos ou atitudes são quase universais sob o ponto de vista cultural e, nessas coisas, a população diverge pouco. Queria falar sobre algumas particularidades culturais que talvez causem “estranhamento” em alguém que não pertence ao país, mas que são importantíssimos para definir a “identidade cultural” dos cidadãos desses países. Quem sabe você não queira adotar algum hábito “estrangeiro” ou simplesmente venha a enxergar a sua própria cultura com novos olhos?

E.U.A: a pressão pelo destaque e pela excelência

Bebês americanos: (hiper)estimulados desde cedo

Foi difícil escolher um único elemento da cultura americana para descrever. No início, pensei em falar sobre a prática universal de ler um livro infantil antes de dormir. É um hábito totalmente enraizado, praticado por pessoas de todas as classes sociais e “tribos” da maternidade desde a tenra infância, e algo que eu mesma pretendo adotar. No entanto, parei para pensar e vi que, na verdade, esse hábito faz parte de um quadro maior: a necessidade de desenvolver habilidades e talentos e se destacar na sociedade desde cedo. As crianças americanas de maneira geral sofrem uma pressão absurda. Seus pais não esperam que sejam meramente saudáveis ou “boazinhas”; elas precisam ser mais inteligentes, mais talentosas, mais especiais que as demais… De maneira geral, eles torcem para que os filhos sejam precoces em tudo e, para isso, estão dispostos a investir tempo e dinheiro. Desde os DVDs (picaretas) que prometem fazer seu bebê mais inteligente aos CDs de Mozart para bebês ainda em desenvolvimento no útero materno e à suplementação de Omega 3 e DHA na gravidez, há uma verdadeira obsessão por desenvolver o cérebro do filho e garantir-lhe uma vaga em Harvard ou Yale. Crianças pequenas, de três anos, fazem milhares de atividades para garantir um currículo completo e uma gama de talentos que precisam ser “aprimorados” o quanto antes: aulas de piano, de futebol (para meninas), de beisebol (para meninos), DVDs de uma segunda língua (agora a moda é mandarim), brinquedos “educativos”, “flash cards” para melhorar a memória dos pequenos e “play dates” (encontros marcados para brincar). Toda essa agenda é obsessivamente pensada para que a criança desenvolva habilidades importantes para que, futuramente, ela venha a ser um grande líder na área que escolher. Quando não é a excelência acadêmica o esperado, é o destaque em qualquer outra área (esporte, música, teatro). O fato é que muitas crianças americanas são encaradas como um projeto pessoal dos pais e, portanto, sofrem uma pressão enorme por serem bem-sucedidas ou “únicas” de alguma maneira. Não é à toa que lá tem tanta criança prodígio e tantos pais optando por educar os filhos em casa, seguindo um currículo feito totalmente sob-medida – para o bem e para o mal.

Dinamarca: a reverência pela natureza

Faça chuva ou sol, a soneca do bebê dinamarquês é ao ar livre

Quando cheguei na casa do Sebastian, o bebê apaixonante de quem eu iria cuidar pelos próximos meses, nos arredores de Copenhague, era inverno. O termômetro registrava em torno de -5 graus. Mesmo assim, as instruções eram claras: todos os dias, às 11 da manhã, eu deveria embrulhar o pequeno num saco de dormir (feito de pena de ganso), colocá-lo no seu carrinho (aqueles à moda antiga) e levá-lo para um passeio até que ele adormecesse. Ele deveria ficar dormindo lá fora, com a babá eletrônica estrategicamente posicionada, até a hora de acordar. Imagino que vocês estejam reagindo da mesma forma que eu, dez anos atrás: Como assim colocar um bebê de 10 meses para dormir por 2 horas num frio absurdo? Ah, detalhe, se estivesse chovendo, era para cobrir o carrinho com a capa de chuva. Acontece que, na Dinamarca, a natureza é respeitada acima de tudo. E as crianças são expostas a ela desde o dia em que nascem. No inverno, elas dormem no frio, para receber o “ar fresco”. Na primavera, bebem água adoçada com a flor do sabugueiro do quintal. No verão, comem frutas vermelhas direto do pé e no outono saem para catar maçãs. Em todas as estações são estimuladas a ficarem próximo da natureza – na neve, na terra, na areia, no parque. Até mesmo as crianças de Copenhague, a capital. Vale a pena acrescentar mais duas curiosidades sobre os bebês na Dinamarca: eles mamam no peito costumeiramente até os 2 anos ou mais e a preferência nacional é por brinquedos de madeira ou pano. Quase não vi brinquedos de plástico por lá. De novo, a importância de respeitar e ficar próximo da natureza e de matérias primas naturais. Por fim, uma curiosidade: o Sebastian não tinha nenhuma peça de roupa na cor vermelha – lá vermelho é cor de menina.

Brasil: a importância de ser belo

Imagine a seguinte cena: seu filho está se comportando mal numa festa ou na casa da sua sogra. Qual a palavra que você usa para reprimi-lo? Feio. “Isso é muito feio, filho, para com isso!” Quando queremos incentivar, a palavra é bonito. Feio é a pior coisa do mundo. Quem não desejou com toda sua força que no filho nascesse bonito, que tivesse os olhos azuis do avô ou o cabelo “bom” (odeio esse termo!) do pai? Quanto não se gasta no Brasil com adornos totalmente inúteis cujo único propósito é embelezar e enfeitar a cria? Sapatinhos de croché, fitas, roupas engomadas, mantas que combinam com a roupa… Uma coisa é certa: já viajei bastante e somente no Brasil eu vi para vender faixas e fitas de cabelo para nenéns recém-nascidas. Também desconheço uma cultura em que seja tão comum (hegemônico, até) a prática de furar as orelhas de uma bebê com meses ou semanas de idade, uma atitude cuja única função é estética. Pois é. Infelizmente, nessa minha análise de práticas culturalmente peculiares (e que seriam consideradas estranhas ou desumanas para quem é de fora), a característica brasileira não poderia ser mais fútil. Aqui espera-se que os bebês (especialmente as meninas) sejam belos – verdadeiros bonequinhos, preciosos e emperequetados. O maior elogio para a mãe brasileira é ter seu filho equiparado a um bebê Johnson’s, a ponto de existir para vender shampoos que prometem clarear o cabelo do pequeno para que fique loiro. Com camomila, claro. Natural, óbvio. Mas comprar um produto cujo único propósito é tornar seu bebê mais belo é sinal de que, talvez, damos importância demais às aparências.

Enfim, nesse exercício, busquei descrever um elemento da cultura de criação de filhos que nos outros países causaria um estranhamento. A neurose por destaque e excelência dos EUA pode interpretada como cruel ou doentia nos outros países. Expor um bebê de 4 meses aos elementos da natureza seria considerado louco ou irresponsável no Brasil ou nos EUA. E, por fim, a nossa obsessão nacional pela estética, até dos bebês, não é vista como “natural” pelos estrangeiros.

Não estou dizendo que a criação de filhos no Brasil se resume a isso e, juro, queria ter trazido para cá uma avaliação mais positiva sobre as práticas brasileiras. Mas não consegui, sinceramente. Porque a diferença sobressalente que enxergo – pelos produtos, as propagandas e as conversas entre amigos – é a preocupação com a estética. Alguém pode me ajudar a ver algo mais positivo que seja característico da nossa cultura?

Publicidade

6 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Cinco razões para amamentar (e não são as que você imagina)

amamentar vale a pena

Ok, você já sabe que o aleitamento materno é melhor para o bebê por causa dos anticorpos, dos nutrientes , do vínculo especial que proporciona. E você provavelmente também já leu que amamentar é benéfico para a mulher, protegendo-a do câncer de mama,da osteoporose e do mal de Alzheimer. Certo? Este post não falará desses benefícios imensos e irrefutáveis à saúde (materna e infantil) e sim de algumas outras vantagens que, por serem menores e menos significativas (talvez até fúteis), podem passar despercebidas. Mas na hora das dificuldades – da frustração, do bico rachado, da sogra que não vê problema em dar mamadeira “de vez em quando”, da mastite, do bebê que “não ganha peso (conforme a curva de crescimento)” – talvez essas razões façam toda a diferença.

1. Praticidade

Um dia ouvi a mãe de uma amiga dizer “dar mamadeira é tão prático”. Precisei de toda a minha força de vontade para não dar uma resposta atravessada. Foi mal, mas o que pode ser mais prático do que levantar/baixar a blusa? Eu sou preguiçosa. Odeio lavar louça, arrumar a casa, fazer compras de mercado. Sorte que tenho um marido super organizado e maníaco por limpeza (infelizmente, não consegui escapar das compras de mercado). Multiplica por mil a bagunça e as tarefas quando tiver uma bebezinha em casa – só de pensar me dá preguiça! Amamentar é a opção perfeita para os preguiçosos. Não tem que montar a mamadeira, esquentar a água, medir, misturar, e depois lavar, esfregar, esterilizar e guardar a parafernália toda- de 8 a 12 vezes ao dia! Não tem tralha para ocupar espaço no armário, não tem que se preocupar com o cachorro querendo usar a mamadeira como brinquedo… O primeiro mês ou dois de adaptação pode até dar bastante trabalho, mas imagina quanto tempo e energia você economiza no longo prazo não tendo que lavar, esterilizar, guardar, comprar leite em pó etc.?

2. Dinheiro

E por falar em economia… Já é batido afirmar que ter um filho hoje em dia custa caro. Tudo bem, não tem como negar. Mas alguns gastos são opcionais. O aleitamento artificial é um negócio muito lucrativo para fabricantes de leite e mamadeiras. Cada lata de leite (e serão necessários umas 6-10 por mês) custa entre 16-25 reais – mais ainda se o seu filho tiver alergia à caseína (a proteína do leite de vaca) e precisar tomar um leite especial ou de soja. Mamadeiras boas também não são baratas. E aí acrescenta o esterilizador, a escovinha para lavar mamadeiras e bicos, o medidor, a bolsa especial (talvez até térmica) para sair com esses acessórios todos… Eu estimo que alimentar com leite artificial, somente nos primeiros 6 meses de vida do bebê, represente um custo total de R$1.500,00 (no barato). E olha que não estou nem contando as possíveis visitas adicionais ao pediatra (porque bebês amamentados com leite artificial adoecem mais) e o custo de pegar o carro para comprar mais leite. Tô fora! Prefiro gastar minha grana com algo que tenha mais valor.

3. Paladar

Eu adoro comer. Venho de uma família de gourmets e quero que meus filhos também sejam assim, bons de garfo e com um paladar afiado (para não dizer refinado). Você sabia que, através do seu leite, sua bebê sente o gostinho das comidas que você comeu? Como no útero ela sentia cheiros e gostos pelo líquido amniótico, faz sentido imaginar que a evolução natural disso seria ela experimentar e ser exposto a novos sabores pelo leite materno. Pense numa bebê que recebe, nos primeiro seis meses de vida, um único leite, preparado sempre de forma igual, sempre com o mesmo gosto. Coitada! Que monótono que deve ser. Eu não faço isso nem com o meu cachorro! Mesmo comendo ração diariamente, sempre oferecemos uma frutinha, acrescentamos cenouras picadas ou um caldinho que sobrou de carne para que ele tenha esse prazer. Seria loucura não oferecer esse mesmo prazer para minha filha.

mamar é tudo de bom

4. Bem estar

Há muito tempo comprovou-se que a depressão pós-parto tem um efeito negativo na amamentação: ou seja, mães deprimidas encontram mais dificuldades dando o peito e, frequentemente, acabam mudando para o leite artificial. Agora, uma hipótese interessantíssima foi levantada por pesquisadores da universidade de Albany, nos EUA, que a relação pode ser uma via de mão dupla: não amamentar pode desencadear sintomas de depressão. A explicação seria de origem evolutiva, já que, historicamente, nossas ancestrais só não amamentava em caso de tragédia e o não-amamentar seria interpretado como uma espécie de luto. Se a tese tem fundamento científico não sei. Foi um estudo pequeno. Mas eu não tenho dúvida de que amamentar e bem estar andam juntos (e não só por que rimam). Seja por motivos biológicos e evolutivos ou psicológicos e modernos, poder oferecer o próprio leite para seu filho deve trazer uma satisfação ímpar.

5. Superpoderes

O que me leva à última e, para mim, a principal razão pela qual eu, Clarissa, pretendo fazer de tudo para amamentar pelo maior tempo possível. Porque é um superpoder! Quem mais pode dizer que tem uma fábrica de leite dentro do próprio corpo? Tá, todos os mamíferos, mas os bichos não falam: só quem pode gritar isso aos quatro ventos são as mulheres que, por um curto período de suas vidas, amamentam. Isso é foda! É incrível! É do cacete! Você pode achar que estou exagerando, mas eu não consigo deixar de ver a magia e o milagre de termos esse poder. Eu acho que manter o foco nessa coisa linda, a perfeição da natureza e o dom de poder dar vida a um outro ser simplesmente por existir, vai me dar todas as forças necessárias para superar as dificuldades que podem vir a ocorrer.

E você, quais são as suas razões para amamentar (ou não) o seu bebê?

18 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Evolução, exterogestação e como sobreviver aos primeiros três meses

Você certamente conhece a teoria da evolução, mas já ouviu falar na teoria da exterogestação? Na verdade, as duas estão ligadas. Vou procurar fazer uma explicação sucinta dos conceitos, porque o que quero mesmo é falar da parte prática: como se adaptar aos temidos e temerários primeiros três meses da vida do seu bebê.

De acordo com os antropólogos, quando passamos a ser bípedes, muita coisa mudou. Andar ereto e caminhar em dois pés fez com que nossa bacia ficasse mais estreita e, para isso, os bebês passaram a nascer mais cedo, quando a cabeça ainda poderia passar pela bacia sem grandes riscos. O resultado disso é que os seres humanos passaram a nascer antes de estarem totalmente prontos ou maduros. Comparado a outros mamíferos, de fato o bebê humanos é extremamente… uh… atrasado (o termo científico é altricial). O bezerro mal nasce e já consegue andar, o golfinho nasce nadando e até um chimpanzé recém-nascido é mais comunicativo que um bebê humano. O bebê humano é molinho, não sustenta nem a própria cabeça, não tem coordenação motora, passa grande parte do seu tempo dormindo e é praticamente cego. Tudo isso porque o cérebro do bebê ainda está em desenvolvimento. Ao contrário dos outros órgãos, que vão crescer em tamanho, mas não em complexidade, o cérebro ainda tem muito a crescer (praticamente 400%) e a desenvolver. Somente as partes mais primitivas do cérebro – responsáveis pelas atividades que não controlamos conscientemente, os reflexos e atividades autônomas como respirar e digerir – estão “prontas” de fato.

É aí que entra a teoria da exterogestação. Como a própria palavra sugere, a exterogestação propõe que parte da gestação do bebê humano é conduzida fora do útero. O antropólogo Ashley Montagu foi quem apresentou o conceito que, recentemente, foi popularizado pelo pediatra americano Harvey Karp, que cunhou o termo “quarto trimestre”. Enquanto a teoria de exterogestação indica 9 meses de gestação fora do útero, o dr Karp fala somente dos primeiros três meses. Mas o propósito é o mesmo: reconhecer nessas criaturas extremamente dependentes e indefesas uma condição delicada de “não estar pronto”.

E, ao reconhecermos essa condição, podemos adaptar o nosso cuidado do recém-nascido levando isso em conta. Quais são as implicações práticas?

Vou fazer uma lista (como boa virginiana, adoro listas!):

O contato pele a pele é primordial

* Contato: O toque é o primeiro sentido a se desenvolver, é o mais primitivo que temos, junto com o equilíbrio. Por isso, o bebê deve ser acariciado, carregado, beijado e massageado sempre que possível. Estar nos braços da mãe ou do pai é aconchegante para o bebê, que se sente seguro assim. Estudos internacionais mostram que bebês que ficam em contato pele a pele (importantíssimo!) com a mãe (ou pai) regulam melhor os batimentos cardíacos e a temperatura e são menos estressados. O sling é um excelente acessório que satisfaz tanto a necessidade de contato sem afetar as outras principais necessidades do recém-nascido (dormir e comer). Ah, e é adotado por grande parcela das culturas não urbanas em todos os continentes.

* Dormir: Pode parecer que não, mas bebezinhos dormem muito (passam em torno de dois terços do dia dormindo!). E não adianta tentar impor uma rotina a um recém-nascido; seu cérebro não está capacitado para esse tipo de lição e, por estar em rápido desenvolvimento, o melhor é deixar o cérebro dele ditar a hora do sono. Pessoalmente,  não vejo muito sentido em colocar um recém-nascido para dormir num quarto sozinho à noite. Para mim, é uma questão de praticidade: ele vai acordar tanto durante a noite, para mamar ou simplesmente porque isso é o natural para ele, que você só vai se desgastar. Por isso, faça como grande parte da população mundial e leve-o para seu quarto num moisés ou bercinho ou pratique a cama compartilhada, colocando-o para dormir com você. [Não, não é perigoso; saiba mais no seguinte post]

Um berço que fica na lateral da cama do casal faz sentido, não?

* Comer: No útero, recebendo nutrientes via o cordão umbilical, seu bebê não tinha horário para comer. Tentar impor uma rotina quando ele nasce pode até ser bom para você – e se funcionar, ótimo!- mas definitivamente não é natural para o bebê, que tem seu próprio ritmo. Como seu cérebro primitivo está a todo vapor, ele está “programado” para fazer de tudo para satisfazer sua fome – primeiro com sinais sutis (virando a cabeça, mexendo a boquinha) e depois de maneira mais óbvia (chorando, berrando, urrando). E uma coisa é certa: o bebê não vai morrer de fome se você deixá-lo à vontade para mamar quando quiser. Praticar a amamentação em livre demanda (sem a ditadura do relógio) pode ser uma solução para tornar as mamadas menos estressantes e mais bem-sucedidas para vocês dois. Sem contar que ajuda muito na produção do leite!

* Barulho: Engana-se quem acha que o útero é um lugar silencioso. Sons de todos os tipos passam pelas paredes do útero (nem queira imaginar!). Por isso, bebês gostam de barulhos repetitivos, como o som de um secador, aspirador, rádio sem sinal ou o som que todos nós fazemos institivamente para calar um bebê chorão (sh…). Também vale a pena acrescentar que o som favorito dos bebês (sim, foi estudado!) é o som da voz de sua mãe. Então solte a língua!

* Movimento: De novo, o comportamento institivo de balançar o bebê tem a ver com reproduzir sua vida intrauterina. Mais um motivo para investir num sling e sair para fazer uma caminhada, dançar (devagarinho, claro) ou simplesmente fazer as tarefas da casa.

Vale frisar, para concluir, que essas não são regras e sim sugestões. Podem funcionar para você e para o bebê. Ou não. Mas lembre-se: o bebê humano pode até se adaptar a uma rotina rígida de mamadas e sonecas, e pode até ficar tranquilo sozinho por horas a fio, mas ele não evoluiu para isso. Portanto, não espere isso dele e tenha compaixão por suas necessidades, mesmo que pareçam impossíveis de satisfazer às vezes.

10 Comentários

Arquivado em Uncategorized

O nascimento (do ponto de vista do sujeito)

nascimento narrado pelo bebêGramática nunca foi o meu forte. Mas o conceito de objeto e sujeito foi fácil de entender. O sujeito é quem faz, quem age; o objeto é passivo, quem recebe a ação. Vamos levar esse aprendizado para a sala de parto. Quem nasce? O bebê, claro! E, pelo menos num parto natural, quem executa a ação do nascimento – quem se desliza, gira, emerge – é o bebê. E as exclamações no momento emocionante em que sai o corpinho deixam isso claro: “ela/ele nasceu!”

Infelizmente, nessa sociedade imediatista, isso foi se perdendo de vista. Sobretudo com a assistência ao parto cada vez mais padronizada e tecnocêntrica, o bebê é tratado como um objeto, o produto de um evento regido pela equipe médica. É o médico quem sabe (após dezenas de ultras, cardiotocos e exames) quando seu produto, quer dizer, o bebê, está pronto: “Mãezinha, o bebê já tá com 38 semanas; ele tá prontinho para nascer! Vamos marcar a cesárea?”. Alguns médicos apelam para a tática do medo: “Olha, sua placenta já está Grau 3, sinal de que está madura [OU: você está com pouco/ muito líquido]. Vamos retirar esse bebê antes que alguma coisa aconteça?” Em ambos os casos, fica claro que o bebê não passa de um objeto – um objeto muito precioso e delicado, sem dúvida – mas um mero objeto de cena nessa produção chamada “Nascimento”. Mesmo quando se fala em parto normal, fica parecendo que só a mãe tem a ganhar, com a recuperação mais tranquila etc. No entanto, bebê também se beneficia do parto, já que a cesárea implica em riscos aumentados para ele: de prematuridade, de desconforto respiratório, alergias, asma, obesidade e amamentação reduzida.

Como nos mostrou a gramática, esse entendimento do parto como um evento independente do bebê ignora um fato inegável: o bebê é o sujeito e não o objeto de seu nascimento. E é por isso que eu quis fazer esse exercício de descrever o nascimento sob o ponto de vista dele. Bora lá.

Num parto fisiológico, acompanhado por uma equipe que intervem somente quando necessário (ou seja, o mínimo possível), a mulher entra em trabalho de parto após receber um sinal enviado pelo bebê. Não há um consenso se o sinal vem de substâncias produzidas pelo pulmão ou pelas glândulas renais do bebê (ou talvez ambos), mas é fato que o primeiro sinal responsável pelo desencadeamento ou liberação dos hormônios do parto vem do bebê. É ele quem diz que está pronto para nascer (podendo estar com 38, 40, 42 semanas ou até mais); o cérebro da mãe simplesmente capta esse sinal e responde.

A primeira parte do trabalho de parto – chamada de pródromos ou fase latente – é lenta, e o bebê não participa ativamente. Se for muito sensível, sente como um abraço as contrações ainda fracas e, por hora, espaçadas do útero, acolchoadas pela água que o cerca. Com sorte, ele está de cabeça virada para baixo, com as costas viradas para o umbigo da mãe, na posição mais favorável para iniciar sua descida sinuosa pelo canal de parto  (mas, se não estiver, tudo bem também, pois ele é esperto, é capaz, e sua mãe escolheu bem a equipe caso precise mudar de posição ou de receber alguma intervenção). Como um atleta prestes a dar um mergulho, o bebê aperta o queixo em direção ao peito.

Na fase ativa, em que o útero de sua mãe trabalha com toda a força para afinar e abrir o colo (saída do útero), é capaz de o bebê sentir os abraços com mais força e, quem sabe, começar a contribuir para que a abertura aumente. Com sua cabeça, ele faz pressão no colo, ajudando-o a se abrir, e isso acontece com mais eficácia ainda após o rompimento (espontâneo) da bolsa – embora tenha bebê que prefira nascer empelicado, todo envolto na bolsa que o protegeu a gestação inteira. Com essas contrações fortes o apertando de forma nova e, talvez, assustadora, é possível que seus batimentos fiquem alterados, como se fosse uma grande montanha russa, cujo fim é uma incógnita (a equipe ficará de olho nisso, prontos para agir caso haja algum risco). Não podemos afirmar com segurança, mas quem sabe esse momento de tensão e de medo não seja a primeira lição que o bebê aprende sobre sua competência e sua força para superar adversidades?

Finalmente, os músculos do útero conseguiram: o colo encontra-se totalmente dilatado, abre-se o canal, e o bebê, literalmente, enxerga uma luz no fim de túnel. Pode ser que tudo pare nesse instante. Como se enfim, com o caminho livre, batesse um medo de passar para o outro lado: o que será que encontrará lá? Um mundo frio, hostil e estranho ou um lugar quente e seguro, não muito diferente de seu antigo lar, só que muito mais interessante? Talvez ele, e sua mãe, precisem de um tempinho para reunir a força e a coragem de atravessar, enfim, esse portal.

Passando para a segunda fase do trabalho de parto – a expulsão – o bebê desce ainda mais, e faz movimentos para facilitar a passagem pelo canal de parto, que tem como sustentação os ossos da bacia (em formato oval) e os músculos e tecidos macios do períneo (assoalho pélvico). Se sua mãe estiver sendo bem atendida, numa posição confortável, com liberdade de movimento e sem receber ordens de fazer força, a ação do útero, a gravidade e o saber instintivo mãe-e-bebê contribuirão para que ele vá descendo e girando – lentamente, com possíveis sobes e desces – esticando com cuidado o períneo elástico da mãe. A pressão do canal de parto, quente e seguro, mas talvez um tanto desconfortável para o pequenino, ajuda a apertar seus pulmões, para que o líquido seja expelido, o que facilitará a sua primeira respiração. A adrenalina liberada pela mãe começa a agir, impulsionando-o a terminar o percurso. Nessa decida pelos tecidos da mãe, além de expelir o líquido obsoleto do pulmões, o bebê ingere bactérias benéficas, que em seguida colonizarão seu intestino, contribuindo (e muito) para uma flora intestinal saudável e eficiente.

É um percurso difícil e desafiador, mas ele consegue e, enfim, emerge – talvez aos poucos, necessitando algumas contrações para sair de fato, talvez de uma vez só, de supetão. Mãos quentes o recepcionam. Ele está acordado e alerta, apesar do medo. Roxinho, amassadinho e gosmento, ele é colocado no ventre da mãe. É um susto, uma emoção e tanto, mas ele reconhece o cheiro, o calor, a voz. Recebe ainda o sangue oxigenado da placenta, mas já se acostuma, aos poucos, como o ar e o novo meio que o cerca. Alguém o cobre com uma manta macia e aos poucos, no corpo quente da mãe, próximo dos seios que o nutrirão, ele percebe que, apesar de estar em outro planeta, ele chegou, enfim, em casa.

Esse pequeno ser humano conseguiu! Embarcou numa viagem, trabalhou, persistiu. Pode ser que tenha passado, literalmente, por alguns apertos (hehe), mas foi vitorioso. E, no futuro, ele poderá dizer com orgulho que teve a sorte e a benção de ter sido um sujeito no próprio nascimento.

"Conseguimos, né, mamãe?" - (C) Jennifer Kellner Photography

“Conseguimos, né, mamãe?” – (C) Jennifer Kellner Photography

13 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Gravidez: o corpo entregue

Mãe Terra, de Brigid Marlin

Confesso que tenho uma visão muito romântica de como é  “estar grávida”. Imagino-me num perpétuo e profundo estado de graça, ciente e sentiente de estar gerando uma nova vida. Se fosse escrever um poema (coisa que definitivamente não farei – por razões que você entenderá logo), escolheria palavras como: semente, segredo, tesouro, dádiva, luz, sublime… (não disse que não sou poetisa?!) As imagens que aparecem para mim são transcendentes, carregadas de vida, amor e fé nas forças da natureza. [Imagino que as leitoras que já passaram por isso estejam rindo muito neste momento!]

Definitivamente, essa imagem “deusa-mãe” não é a impressão que me passa a maioria das grávidas no meu círculo de amizades. Pelo contrário, nelas predominam  o estranhamento, a ansiedade (para não dizer pavor) e a resignação. Lembro-me de uma ocasião em que uma grávida me falou que se sentia possuída, como se o feto de poucas semanas de gestação estivesse roubando-lhe as forças e os nutrientes. Imediatamente, pensei naquele filme Alien, o 8º passageiro. Recentemente, uma amiga querida caiu aos prantos e confessou sua culpa por ter, sem querer, sido exposta a toxinas quando visitou o seu apartamento, que estava em obras; soluçando, se crucificou por um possível futuro câncer em seu filho. Uma outra amiga concordou em brindar a boa notícia de sua gravidez com um pouquinho de champanhe, já que sua médica havia liberado o consumo de uma taça de vinho de vez em quando.

São experiências muito diferentes entre si, mas todas revelam um elemento da gravidez que muito me assusta: a entrega do próprio corpo. No primeiro caso, o corpo está entregue a uma criatura compreendida e sentida não como simbiótica, mas parasita (para lembrar o curso de biologia, simbiótico é o relacionamento em que ambos se fortalecem; parasítico é aquele em que um se aproveita do outro). No segundo, a gravidez fica entregue aos medos profundos e as neuroses existentes em todas nós, mas que podem se tornar mais difíceis de contornar ou de sufocar nessa fase tão sensível e intensa da vida de uma mulher. Por fim, no terceiro, o corpo e, especialmente, a nova vida que brota dentro dele estão entregues ao saber médico. [Aqui vou fazer um parêntese: não estou falando que minhas amigas passaram a gravidez inteira tomada por esses sentimentos, somente que são pontos de partida para uma reflexão].

Tenho medo de olhar no espelho e me enxergar nesses exemplos quando chegar a minha vez. Não quero pensar no meu filho, tão desejado, tão esperado, como um parasita faminto que está roubando minhas forças e minha senhoria sobre o meu corpo, que, com seu crescimento descontrolado, me força a adquirir formas e contornos estranhos. Não quero ser tomada por pavores irracionais nem mergulhar nas profundezas da minha psique e descobrir monstros horrendos ou, pior, uma criatura insegura e neurótica. Tampouco quero entregar decisões básicas e inalienáveis da minha vida – tipo, o que comer e beber – para uma médica que pode estar se baseando em crenças pessoais, pesquisas datadas (não é o caso da médica da minha amiga, diga-se de passagem) ou impulsos extremamente controladores. A verdade, admito, é que eu não suporto a ideia de abrir mão da minha idealização, da minha autoimagem, da minha autonomia.

Mas não seria a gravidez o perfeito momento para tamanha entrega? Para soltar de nossos punhos cerrados nossas verdades e certezas, lançando-as ao imponderável e, aos poucos, mesmo que sofrendo, mesmo que relutante, abrir um espaço real e possível para um outro ser?

4 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Nem mais nem menos mãe

Outro dia entrei na página de Facebook de uma maternidade de São Paulo para comentar a questão dos altos índices de cesárea nos hospitais privados (nessa, o índice está em 93%). A maternidade estava se promovendo como uma das melhores no país e as ativistas do parto normal estavam incomodadas com esse paradoxo (para não dizer palhaçada). Afinal, a Organização Mundial de Saúde reconhece que mais de 15% de cesáreas não melhoram os índices de mortalidade infantil e só pioram os índices de mortalidade materna (um estudo no prestigioso The Lancet corrobora essa recomendação) – ou seja, uma taxa acima de 15% de cesáreas estaria colocando mais mulheres e mais bebês em risco. Acontece que o debate que começou com uma pergunta de utilidade pública – como a instituição poderia se empenhar para aumentar seus índices de parto normal (se é que isso é de interesse deles, o que é, infelizmente, pouco provável) – acabou caindo no pessoal.

Um dos primeiros comentários foi algo nessa linha: “mulheres que têm parto normal não são mais mães do que as que optam pela cesárea”. Não é a primeira vez que escuto esse mi-mi-mi discurso. Parece que não se pode levantar o assunto “como promover o parto normal” sem ofender alguém. E sempre (sem exceção) essa reação surge do nada, pegando todo mundo desprevenido.

Confesso que isso me tira do sério. Afinal, ninguém diz que se acha “mais mãe” que a irmã/amiga/prima/colega só porque ela pariu e a outra teve cesárea. Ninguém. Eu nunca ouvi nenhuma defensora do parto normal lançar mão de um argumento esdrúxulo como esse. Nós, as apaixonadas por parto, lutamos em prol das mulheres que querem parto normal (que representam 75% da nossa população, segundo esse estudo da Fiocruz), reivindicando mais transparências dos hospitais, mais ética dos médicos e mais acesso a informações baseadas em evidências para a população de maneira geral. A meta é melhorar as chances do parto normal para quem o deseja, e não diminuir quem pensa diferente.

Então, a pergunta que não quer calar é: por que essa reação aparentemente tão descabida?

Tenho duas possíveis explicações: uma do meu “diabinho” interior e outra do “anjinho”. O diabinho diria que essa reação tão forte e instantânea só poderia ser um efeito de ter tocado numa ferida psíquica muito grande. Ou seja, a própria mulher inconscientemente se sente “menas” frente à realização e ao poder daquela que pariu e, daí, surge a raiva e o impulso de se defender de seu inconsciente, afirmando o contrário do que ela realmente está sentindo. Nesse caso, a mera menção de uma mulher parindo é um gatilho que desencadeia seu complexo de inferioridade e revela toda a fragilidade de suas convicções.

O anjinho tem mais compaixão e pensa que, talvez, a dita cuja só esteja tendo uma reação natural à agressividade e à arrogância das ativistas e defensoras do parto normal que, talvez por terem a ciência (e a natureza) do seu lado, se acham donas da verdade. Ou seja, a pobre mulher se sente injustamente julgada, por um tom de voz ou um olhar de desdém da interlocutora, pelo simples fato de ter ousado escolher um outro caminho – que talvez não seja o “melhor” segundo as evidências, o Ministério da Saúde e a OMS, mas que ela julgou ser a “melhor” para ela. Nada mais do que seu direito.

É provável que nem o diabinho nem o anjinho estejam errados. Mas qual seria a solução?

“Cesariadas”: por favor, não levem para o pessoal a discussão sobre parto normal. Não estamos protestando suas escolhas pessoais e sim a falta de informação e opção real para as mulheres que querem passar pela experiência do parto. Isso é – ou deveria ser – um direito universal de todas as gestantes, mas que, nesse país e nessa cultura tecnocrática, regida por interesses econômicos e ideológicos, se tornou tão raro. Recomendo fortemente esse texto aqui, da incomparável Ana Cris Duarte.

Ativistas do parto: Cuidado com o tom de voz e os preconceitos na hora de abordar esse assunto, sobretudo na presença de mulheres que podem não compartilhar dos mesmos valores. Afinal, se você acredita no protagonismo da mulher, é preciso aceitar que esse protagonismo pode levar a uma escolha que você julga equivocada. Da mesma forma que você não gosta de ser chamada de “louca” ou “xiita”, a mulher que agendou seu “parto cesáreo” para uma data bonitinha não gosta de ver no seu olhar o rótulo de “pobre iludida” ou “desnaturada”. Encare como uma oportunidade para exercer os “músculos da compaixão” – ou, para usar o linguajar da tribo, a (sempre útil) “cara de alface”.

Talvez, com essas regrinhas básicas, seja possível atingir uma comunicação melhor e perceber que estamos todas buscando a mesma coisa: respeito.

13 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Enxoval: o que realmente importa

Confesso que adoro olhar roupinhas de neném, passo horas na internet pesquisando fraldas de pano (as modernas, assunto para outro post) e carrinhos de bebê (nisso sou expert mesmo!) e não resisto uma folheada em revistas de decoração de quartinho quando passo numa banca. Como sou uma bebemaníaca assumida (e como viajo bastante pro exterior – a trabalho e por lazer), sempre tem alguém me pedindo ajuda para montar o enxoval, trazer algo de fora ou prestar uma consultoria sobre marcas importadas de carrinho ou cadeirinha ou sling. Adoro!

Mas se você acha que esse texto vai ser sobre as maravilhas de ter o enxoval perfeito – tudo importado, tudo novinho em folha – para recepcionar o seu herdeiro, bom, sinto muito desapontá-la. Não é nada disso. Quem espera um manifest0 anticonsumo e “de volta às raízes” também errou. Acontece que eu sou super a favor de se deliciar comprando enxoval – seja em Miami, Nova York, Paris, Copenhague (eu quero!) ou aqui no Brasil mesmo. Nessa nossa sociedade tribal, em que nossas identidades dependem não da cor que pintamos nossos rostos ou das argolas nas nossas orelhas, mas dos objetos que escolhemos como acessórios para nossa vida, comprar é natural. Sim, isso mesmo. Comprar faz parte do ritual, do preparo para assumir uma nova identidade.

O que me incomoda é o consumo inconsciente e o inconsequente.

O que seria o consumo inconsciente? É aquele mal pensado, por modismo ou impulso, que não leva em consideração as necessidades do bebê e o perfil da mãe. Um exemplo: mamadeiras e/ou chuquinhas para quem está determinada a amamentar. Olha, não sou xiita nem intolerante, e entendo quem precisa (ou opta) pelo aleitamento artificial. De novo, not my boobs, not my business (não são meus peitos, não tem nada a ver comigo). Mas alguém que se diz  super empenhada em amamentar exclusivamente com leite materno e aí investe num kit completo de mamadeiras importadas (com bico tamanho RN) antes mesmo de parir… isso eu não entendo. É como sonhar e se programar para uma viagem à Disney mas comprar bilhetes e passagem aérea para o Beto Carreiro World. Com tudo lá na gaveta, você vai acabar embarcando! Se o impulso de meter a mão no bolso for grande – acredita, eu entendo, tenho o lado consumista aflorado! – então procure um sutiã de amamentação bacana (bonito, chique), invista num delicioso chá da mamãe, naquela pomada importada, ou numa almofada de amamentação. Guarde o dinheiro para contratar uma enfermeira ou psicóloga para te ajudar a superar as dificuldades, se for preciso. E deixe para comprar as mamadeiras só se/ quando for realmente necessário. Isso é só um exemplo. Prometo desenvolver mais o tema “enxoval” em posts futuros.

Mas muito pior que o inconsciente é o inconsequente. Esse é o consumo desenfreado e elétrico, compulsivo, como se precisasse comprar o mundo para estar pronta ou preparada para criar um filho. É o consumo que, de fato, consome, devorando todo o resto. É o consumo das mulheres que acham que estão ganhando uma bonequinha ou bonequinho, uma princesinha ou um herdeiro, e querem que este esteja pronto para servir como seu último acessório e status symbol. Exemplos? Não faltam! O carrinho, tem que ser da marca X. Sem levar em consideração a largura da porta da sua casa, o tamanho do elevador, a falta de praticidade de ter um trambolho se você vai viver colocando e tirando-o da mala do carro. As roupas, só de grife: Burberry ou Baby Dior, please! Ou, no mínimo, engomadinhas, plisadas e cheias de babados para exibir o tesouro. Sem contar na chupeta de prata com cristais. E os objetos de entretenimento do bebê? Todos, claro! Cadeira que vibra, outra que balança, andador, tapete de atividades, carros de plástico, brinquedos que fazem barulho e piscam (um não basta, precisam ter 5 ou 10). O que é isso, minha gente? O seu filho é um ser humano, não um brinquedo. E, a não ser que você seja muito privilegiada e tenha uma casa gigantesca que você quer transformar em creche, não é preciso (nem muito menos saudável) recriar uma loja de brinquedos para o pimpolho. Além de roupas, ele precisa de afeto. Além de acessórios, ele precisa de cuidados. Será que essa mulher que está tão ocupada comprando, comprando, comprando teve tempo de parar para pensar nisso?

É legal ir pra Miami e comprar aquelas tralhas todas (metade das quais, você sabe, serão usadas 2 ou 3 vezes)? Claro que é! Só que muito, mas muito, mais legal que isso é saber que você preparou a sua cabeça (leu, se informou, refletiu) e que tem à sua disposição uma rede de apoio (marido, mãe, sogra, irmã, amigas, assistentes, vizinhos) para te dar a confiança e a tranquilidade para receber na sua vida um novo ser humano. É isso que realmente importa.

4 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Cesariana: uma escolha consciente?

cicatriz cesariana

Tem mulher que quer parto normal. Outras escolhem a cesariana antes mesmo de engravidar. Eu defendo o direito de todas elas a optar pela via de parto desejada – afinal, o corpo é delas e não meu. Mas sempre que uma amiga ou colega de trabalho me fala que quer fazer cesárea, eu penso: será que essa mulher sabe mesmo o que é isso? Tenho plena consciência de que, para uma grande parcela da população brasileira, submeter-se a uma cirurgia abdominal para ter um bebê, muitas vezes fora de trabalho de parto, é perfeitamente “normal”. As cirurgias de maneira geral (e a cesariana em particular) se tornaram tão banais que hoje em dia são que nem tatuagem: difícil é conhecer alguém que não tenha feito uma. No entanto, apesar de grandes avanços na medicina e na farmacologia, as evidências são categóricas: a via abdominal está longe de ser a via mais segura para o parto. A cesárea é pior para a mãe – aumentando suas chances de infecção, hemorragia, trombose, complicações pós-parto e em gravidezes futuras e depressão pós-parto e diminuindo os índices de sucesso com a amamentação – e para o bebê, estando relacionada a dificuldades respiratórias, alergias, obesidade e prematuridade (esta última quando feita fora de trabalho de parto, o mais comum hoje em dia na era dos partos com data e hora marcadas). Isso não é novidade; as gestantes costumam ser informadas desses riscos, mesmo que sejam muito minimizados pelos médicos e até mesmo pela mídia. Então, por que tantas optam pela cesárea, sabendo dos riscos? [Olha, quero deixar claro que não estou falando sobre mulheres que acabaram fazendo cesáreas por necessidade – ou até mesmo as famosas “desnecesáreas” (assunto para um outro post)- e sim daquelas que afirmam preferir a via cirúrgica] Essa resposta merece uma tese de doutorado e não sou em quem vai escrevê-la (ainda, hehe). Mas eu chuto que uma das razões, mesmo que não seja a principal, é a ignorância. E digo isso com o maior carinho: ignorância não por falta de inteligência, mas por não saber como será o procedimento em si e, principalmente, por desconhecer as alternativas, como o parto vaginal com anestesia ou o parto natural humanizado. Este post, então, é sobre o procedimento. Porque não importa o que vão te dizer – “ah, o importante é que o bebê esteja bem” ou “hoje em dia ninguém mais faz parto normal” ou até “se fosse ruim não teria tanta médica escolhendo trazer seu filho ao mundo dessa forma” – o fato é: sua barriga não tem zíper! Para tirar o bebê “por cima”, você vai ter que passar por uma cirurgia abdominal de grande porte. Outro dia escrevo sobre as alternativas, o medo da dor, as cesáreas induzidas pelo médico e todo o resto. Hoje é só o básico: o que é, exatamente, uma cesariana e o que uma mulher pode esperar em termos de experiência? A cesárea requer um jejum de oito horas, com ingestão de líquidos proibida entre 6 e 3 horas antes. No caso de uma cesariana eletiva, você será internada geralmente 2-3 horas antes da hora marcada. Antes da cirurgia em si, é provável que, depois de ter seus pelos pubianos raspados, você receberá alguns medicamentos via oral, além de um soro na veia e uma sonda na uretra (para que você não faça xixi). Vestida com aquela camisolinha ridícula e só, você será transportada na maca até o centro cirúrgico, cujo ar condicionado estará a +/- 19 graus. A sala estará cheia de gente – seu GO, um assistente, o anestesista, o pediatra e uma enfermeira e uma instrumentadora, no mínimo – sendo que poucos rostos serão familiares. O anestesista injetará uma mistura de anestésicos na sua coluna cujo efeito é imediato – mais ou menos do peito para baixo, você perderá sensibilidade. É provável que seu acompanhante só entrará no centro cirúrgico depois de tudo isso. Ao deitar na mesa de cirurgia, é bem possível que seus braços sejam amarrados, em forma de cruz, para evitar que você se mexa. Confirmado que a anestesia funcionou, com seu acompanhante a seu lado, o campo cirúrgico é montado. Ou seja, você será coberta com panos azuis/verdes e a equipe erguerá um lençol logo abaixo do seu peito, para isolar o seu rosto do resto do seu corpo. O propósito é evitar contaminação, mas também tem uma função psicológica – para que nem você nem o seu parceiro vejam as cenas a seguir. Como isso é rotineiro para todos na equipe, é possível que esses dez minutos (aproximadamente) transcorram sem a menor cerimônia, ao som de conversas fiadas entre os membros da equipe sobre futebol, novela ou o que quer que seja. Entre o lado de fora e o seu filho, o cirurgião obstetra terá que passar por sete camadas de tecido – entre elas a sua pele, a camada de gordura, o músculo abdominal, os tecidos que protegem o músculo e os órgãos internos e, por fim, a parede do útero. Uns serão cortados e cauterizados imediatamente, outros (como o abdômen) serão separados manualmente com bastante força, para chegar até o útero. Depois de cortar o útero, o médico romperá a bolsa e tirará o bebê. Isso pode ser rápido ou complicado, dependendo da posição do neném. Você sentirá a pressão das mãos dos médicos mexendo dentro e fora do seu corpo, mas não sentirá dor. Todos vibrarão com a chegada do bebê- comentando sobre o filho que você ainda não viu. Se ele chorar imediatamente – o que não é garantido, mas nem por isso é motivo de espanto – você terá a sorte de pelo menos ouvir a sua chegada. Digo sorte porque, numa cesárea padrão, você não sentirá nem verá os primeiros segundos de vida de seu filho. Após entregar o bebê ao pediatra neonatal, a equipe continuará trabalhando em você para remover a placenta, conter o sangramento – podendo retirar o excesso com gaze ou com um aparelho de sucção – e depois costurar o que foi cortado. Nessa hora, é provável você sentir uma ansiedade enorme: seu filho nasceu, mas você não pode segurá-lo e nem vê-lo (já que ele está sendo aspirado, pesado, limpado). Nem seu marido estará com você, porque provavelmente terá ido acompanhar o filho, junto com a enfermeira e o pediatra. A enfermeira levará seu bebê embrulhadinho até você, para que você olhe para o rostinho dele e sinta seu cheirinho delicioso. Mas esse momento gostoso dura pouco, porque nessa hora, o bebê é levado para fora da sala para que sejam feitos os procedimentos de rotina, e você continua ali, sendo costurada. Essa parte da cirurgia costuma durar entre 10-30 minutos, dependendo da rapidez e da técnica do médico. Terminada essa etapa, você será levada até uma sala de recuperação onde ficará ligada a aparelhos, ainda recebendo soro na veia, por aproximadamente duas horas antes de subir para o quarto. Não tem como prever os seus sentimentos durante a espera – ficará tranquila, sabendo que o filho nasceu bem, ou nervosa por não estar com ele? E quanto aos sintomas físicos – terá alguma reação desagradável aos anestésicos (pressão baixa, coceira, dor de cabeça)? Impossível prever. Mas eu recomendo que leia o relato da AnneÉ de arrepiar. A pior parte, a recuperação ainda está por vir, mas vou parar por aqui. Não coloquei fotos porque sei que tem gente que desmaia ao ver sangue. E não quero isso. Ainda mais se você estiver grávida. Mas para quem não corre esse risco, sugiro dar uma espiada aqui. Porque, às vezes, uma imagem vale por mil palavras.

35 Comentários

Arquivado em Uncategorized

A boa mãe, ou, que p*rra é essa?

“O verdadeiro desafio da maternidade é você, não seu filho”Oliver James

Quando pergunto a uma amiga que tipo de mãe ela quer ser, invariavelmente escuto como resposta “uma boa mãe”. Oras, assim é fácil, né? Toda mulher que sonha e se prepara para ter um filho quer ser uma boa mãe! Mas o que será isso – seria uma espécie em extinção, uma figura celestial ou um mito inalcançável? Eu, pessoalmente, não acredito muito nesse ideal único de “boa mãe”. Sou adepta de Winnicott, o psicanalista inglês que disse que a boa mãe é a mãe boa o suficiente. Acredito na mãe possível, que faz escolhas conscientes, se informa para fazer o que é mais natural para ela e para o seu filho, sem ter medo de colocar nessa equação as suas próprias necessidades. É uma mulher que se prepara com informação e autoconfiança, e que toma decisões baseadas na própria felicidade e bem estar, ao mesmo tempo em que garante as necessidades dos filhos. Uma mãe sem culpa, que não padece em paraíso. Não sei se isso existe, mas acho uma meta saudável.

Um tempo atrás, recebi para avaliar na editora o livro de um psicólogo inglês chamado Oliver James, especialista em expor alguns “podres” da sociedade britânica e fazer seus compatriotras refletirem sobre assuntos difíceis e polêmicos. Um desses livros se tornou um pequeno clássico por aquelas bandas: They F**k you Up (“Eles f*odem com a sua vida”), título inspirado num poema genial de Philip Larkin, que analisa os efeitos nocivos de escolhas inadequadas na primeira infância (de 0 a 6 anos). Por que estou falando disso? Porque a continuação, How not to F**k them Up (Como não f*der com a vida deles), o livro que avaliei, apresenta alguns conceitos interessantes.

James divide as mães em três grupos básicos, baseado na personalidade de cada uma: a organizadora (“organizer”), a grude (“hugger”) e a flexi-mãe (“flexi-mum”). As duas primeiras caiem nos extremos, representando 25% da população (cada), enquanto metade das mães se identificam como flexi-mães (um meio termo).

A típica organizadora não muda sua rotina para o bebê

A mãe organizadora poderia ser chamada de “executiva”, exemplificada pela imagem de uma mulher de terno, salto alto, notebook e nem um fio de cabelo fora de lugar. Ela tende a ser organizada (duh..), regrada, disciplinada, ambiciosa e super racional. A gravidez da mulher organizadora, de maneira geral, não é vivida como um prazer e sim um “mal necessário”. Estar grávida é sentir-se invadida, com o corpo entregue a um outro ser. Essa mulher não gosta de ser lembrada do seu lado “bicho” e, de maneira geral, tenta colocar um senso de ordem e regras no corpo gravídico. Ela curte as consultas médicas e os exames (até mesmo os mais invasivos),  porque conferem uma sensação de que está tudo “sob controle”. Como valoriza o tecnológico e teme as forças “caóticas” da natureza, tende a agendar seu parto, seja induzindo um parto vaginal (lá fora, nunca aqui no Brasil) ou marcando a cesárea (mais comum por aqui). Sente-se muito desconfortável na primeira fase de vida do bebê, que ela entende como um bichinho dependente e assustadoramente frágil. Ela é fã de rotinas, horários, babás (eletrônicas ou não), mamadeiras e chupetas. Sua missão é civilizar o filho, fazê-lo entrar numa rotina e ganhar sua independência. Sente-se frustrada com o rompimento da sua rotina, sua identidade como profissional e mulher independente, podendo (ou não) descontar isso no filho.

Felicidade, para a mãe grude, é estar com seu filho

Já a mãe grude é o oposto de tudo isso. Imagine uma mulher de saia e sandálias, cabelos soltos e sem maquiagem, pronta para sentar na grama com sua cria e brincar na lama se for preciso. Sua maior ambição é ser mãe e sua meta é estar presente em todos os momentos da vida do filho. Ela adora ser mulher e se sente abençoada por poder gerar um filho em seu ventre. Sonha com um parto natural, conversa com o bebê desde que se descobriu grávida e, depois que ele nasce, não quer ficar um minuto longe dele. Adora amamentar, não deixa o bebê chorar por mais de 5 segundos e  até dorme junto a ele se possível. A mãe grude, também chamada de mãe mamífera em alguns círculos, esquece do resto do mundo  pelos primeiros meses da vida do seu bebê, dedicando-se a ele de corpo e alma. Podendo escolher,  ela nem volta da licença maternidade, optando por ficar em casa e cuidar do filho em tempo integral. Palavras que predominam no vocabulário das mães grudes incluem: natural, orgânico, atenção, colo, amamentação prolongada, não-violência, vínculo, sintonia. Sua missão é criar o filho com carinho e paciência, colocando suas necessidades à frente das demais (carreira, casa, marido, visual). Seu maior medo é sentir que o filho não precisa mais dela e ela pode, inclusive, acabar inconscientemente limitando a sua independência a medida que ele cresce.

Nenhuma dessas mães é perfeita – a organizadora chamaria a outra de “xiita, hippie, doida” e a grude a chamaria de “egoísta, fria, desnaturada”. Mas ambas podem ser boas mães. E engana-se quem pensa que a flexi-mãe consegue fazer “o certo”. Porque isso não existe. Qualquer um dos estilos é válido. Segundo James, só não vale a mulher fingir ser algo que não é, nem se convencer de que o seu estilo é o mais correto. O importante, na maternidade como na vida, é estar feliz com suas escolhas (e assumir as consquências das mesmas).

Eu tenho fortes tendências da mãe grude, mas com umas pitadas de organizadora. E você: se identifica mais com a organizadora ou com a grude?

10 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Por que mais um blog sobre maternidade?

Desde menina, sonho em ser mãe. Antigamente, queria ter quatro filhos. Bom, esse número eu abandonei, mas o sonho continua. Agora, aos 32 anos, ele está próximo de se realizar. Assim espero. Estou, oficialmente, tentando. Há um ano estou tentando me preparar – emocional e psicologicamente – para essa “viagem” e, por ser uma leitora meio obsessiva, estou com um ano de informação e pensamentos acumulados. Sempre gostei de escrever e de expor minhas análises e opiniões (nada ortodoxas) a amigos e conhecidos, e quando nasceu a ideia de ter um blog achei o que havia encontrado o meu caminho. Afinal, a blogosfera é o lugar perfeito para desconhecidos monologarem sobre tudo o quanto é assunto! E, de quebra, eu transformaria minha busca incessante por informação em algo que poderia ajudar os outros. Mas a verdade é que esse desejo de discursar sobre temas muito queridos ficou muito tempo na incubadora. Ao longo de meses acompanhando, conhecendo e pesquisando blogs e sites relacionados a maternidade, duas perguntas teimavam em aparecer para freiar a minha empolgação:
1. Por que criar mais um blog sobre maternidade se tudo que eu penso já foi dito antes e, geralmente, de forma muito eloquente, profunda e bem humorada?
2. Quem vai querer acompanhar um blog sobre gravidez, parto e maternidade de alguém que não é nem mãe, nem doula, nem obstetra, nem consultora em amamentação, nem pediatra e nem “baby expert”?

Antes de entrar nos assuntos que quero abordar aqui no blog – dos mais fúteis (enxoval, brinquedos, roupas) aos mais filosóficos (o que é uma boa mãe, como fazer escolhas conscientes na gravidez e parto, por que amamentar é tão difícil) – preciso responder a essas perguntinhas chatas. Espero que as respostas sirvam, de certa forma, como uma apresentação.

1. Pois bem. Não prometo que esse blog será especial, nem mesmo que haverá um “diferencial” ou um ponto de vista focado no público x, y ou z. Só posso afirmar que três aspectos fundamentais da minha identidade o nortearão: minha cabeça de antropóloga e feminista, minha vivência como editora (e devoradora) de livros e, por fim, minha paixão pelo tema. Eu entendo esse universo da gestação e da maternidade como algo que está inserido na nossa cultura e que, portanto, é influenciado por vários fatores (ideologia, questões econômicas, mitos e preconceitos). Acho fundamental expor e debater esses fatores e elementos para que cada mulher possa fazer escolhas conscientes e inteligentes baseadas em suas crenças e individualidade, e não no discurso do status quo – ou, pior, no que sua mãe/sogra/obstetra/pediatra mandam. Essa minha inclinação questionadora, plural e, sim, um tanto idealista será a marca desse blog.

2. Se alguém vai se interessar por minhas reflexões ou provocações, honestamente, não tenho como saber. Espero que sim. Espero mostrar que mesmo não sendo médica nem mãe, tenho acesso a informações cientificamente válidas (artigos acadêmicos, livros escritos por profissionais de saúde, psicólogos, cientistas sociais) e culturalmente relevantes (experiências e histórias de mulheres e mães de todos os estilos e procedências) que podem ser interessantes para quem busca refletir sobre o assunto. Espero também que, justamente por causa dessa minha condição nada especialista, você, leitora, possa ver em mim uma amiga: um espelho, um trampolim, um ponto de partida para explorar a sua própria identidade materna – seja você tentante, gestante, mãe ou meramente uma interessada no assunto. Enfim, só desejo que esse blog possa contribuir para a sua viagem rumo à mãe que você quer ser.

Seja bem vinda.

7 Comentários

Arquivado em Uncategorized